No Blogue do Colunão, de Walter Rodrigues.
O empresário Fernando Sarney, principal executivo do Sistema Mirante de Comunicação e um dos diretores da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) admitiu ontem, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo (veja em http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc0901200812.htm, só para assinantes) que está sendo investigado pela Polícia Federal sob suspeita de irregularidades fiscais. Em 2006, coincidindo com o período eleitoral, Fernando movimentou em dinheiro vivo R$ R$ 2 milhões, sacados de sua conta pessoal, aos quais se acrescenta outro R$ 1 milhão retirado por funcionários dele da conta do Sistema Mirante de Comunicação. Essas movimentações despertaram a suspeita do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), que acionou o Ministério Público Federal. Embora a matéria da Folha não mencione o detalhe, outras fontes asseguram que a FP grampeou os telefones do empresário, com autorização da Justiça Federal.
Dinheiro emprestado
O caso veio à tona porque Fernando, tardiamente informado das investigações, precisou impetrar mandado de segurança no Superior Tribunal de Justiça para ter acesso aos autos do processo. O Coaf e a JF alegavam “sigilo processual”, mas a jurisprudência do STJ é que a interdição vale para terceiros, não para as partes.Embora não responda aos questionamentos deste saite independente e imponha silêncio sobre o tema no Sistema Mirante, Fernando falou largamente à Folha. Disse que os R$ 2 milhões, originários de um empréstimo registrado em cartório e lançado em sua declaração de imposto de renda, foram depositados na sua conta pessoal pelo empresário Eduardo de Carvalho Lago, ex-dono da Cia. Maranhense de Refrigerantes, fabricante local da Coca-Cola, primo-irmão do governador Jackson Lago e cunhado de Jorge Murad, marido de Roseana Sarney.O dinheiro, segundo Fernando, destinou-se a resolver uma “questão de interesse privado”, que preferiu não revelar. Já o outro milhão, oriundo do faturamento do Sistema Mirante, teria sido utilizado na cobertura de gastos “corriqueiros” do sistema, cuja movimentação financeira chegaria a “R$ 100 milhões por ano”, informou.
Coincidência suspeita
Fernando nega que os R$ 3 milhões (a Folha fala em R$ 3,5 milhões, sem explicar por quê) tenha sido usado na campanha de Roseana Sarney (PFL, hoje no PMDB), que no ano passado disputou o Governo do Estado. Mas a coincidência das datas, a sugestão dos detalhes e a falta de outros esclarecimentos justifica a suposta desconfiança das autoridades judiciárias federais, mencionada na reportagem. Os R$ 2 milhões de Eduardo Lago foram depositados primeiramente na conta da Gráfica Escolar, em seguida estornados e devolvidos ao ex-dono da Coca-Cola maranhense. No dia seguinte, novo depósito, agora na conta pessoal de Fernando. O dinheiro foi sacado, R$ 1 milhão por dia, nos dias 25 e 26 de outubro. É difícil imaginar um negócio lícito desse valor, cujos pagamentos devam ser efetuados em dinheiro vivo, e não mediante cheque ou transferência bancária. Mas é bem fácil relacionar esses saques misteriosos com a conclusão do segundo turno eleitoral, em 29 de outubro, ainda mais considerando a derrama de dinheiro público promovida pelo governo José Reinaldo em favor do candidato Jackson Lago (PDT), adversário de Roseana.Já o milhão do sistema Mirante foi movimentado desde o primeiro turno eleitoral (concluído em 1o de outubro), com saques entre o final de setembro e outubro. A explicação do empresário de que o sistema usou o dinheiro no pagamento “normal” de passagens e diárias de seus repórteres — os quais estão aí mesmo para confirmar ou desmentir se de fato gastam tanto assim — carece de uma demonstração simples. Basta que ele prove à Justiça e à opinião pública que sua empresa realizou movimentações semelhantes, em dinheiro vivo, em outros períodos. Em 2005, por exemplo, ou no primeiro semestre de 2006. Ou no ano passado. Detalhe: os saques de setembro e outubro de 2006 foram efetuados por Tereza Cristina Ferreira Lopes e Carlos Henrique, identificados pelo próprio Fernando Sarney como “funcionários do Sistema Mirante”. O último saque da conta da empresa, diz o jornal, “coincidiu com uma retirada de R$ 100 mil da conta da São Luiz Factoring e Fomento Mercantil, que pertence a Tereza Murad, mulher de Fernando Sarney”. Tereza Murad Sarney, irmã de Rosa Murad Lago, mulher de Eduardo Lago, é também presidente da Gráfica Escolar, editora do jornal O Estado do Maranhão, integrante do sistema Mirante. O saque da conta da factoring foi efetuado pela mesma funcionária Tereza Cristina Ferreira Lopes.
Eduardo Lago
A matéria da Folha cita que Eduardo Lago “responde a processos por não-recolhimento de contribuição previdenciária ao INSS, negociação de títulos sem lastro, formação de quadrilha e estelionato”. E lembra ainda o polêmico episódio de 2002 em que a Polícia Federal, cumprindo mandado judicial, apreendeu documentos e R$ 1,34 milhão encontrados no escritório da firma Lunus Participações, em São Luís. Os principais sócios da Lunus são Roseana e o marido Jorge Murad, irmão de Tereza, mulher de Fernando. “O dinheiro foi devolvido à família porque a PF não provou nenhuma ilegalidade no caso”, acrescenta a matéria.
Tudo em família
Fernando Sarney e Eduardo Lago simbolizam e resumem as afinidades eletivas da oligarquiamaranhense.Filho do ex-presidente José Sarney, Fernando é irmão da ex-governadora Roseana (PMDB) e do deputado federal Sarney Filho (PV). Sua mulher, Tereza Murad Sarney, é irmã de Ricardo Murad (PMDB), líder da Oposição na Assembléia, de Jorge Murad, marido e ex-supersecretário da governadora Roseana, e de Rosa Murad Lago.Rosa Murad Lago é mulher de Eduardo de Carvalho Lago, primo-irmão do governador Jackson Lago (PDT) e de seu chefe da Casa Civil, Aderson Lago (PSDB), e irmão de Lenita do Lago Bello, viúva de Newton Bello Filho. O pai de Newtinho era o governador do Maranhão quando José Sarney elegeu-se para o cargo em 1965. Outro irmão de Lenita, Ney Bello Filho, era o secretário da Infra-estrutura de Jackson Lago quando foi preso pela Polícia Federal na Operação Navalha e obrigado a deixar o cargo.
11 comentários:
Prezado, percebo a sua disposição em produzir o máximo, nesta quarta. Está matando a ferro!
Por aqui, a ressaca deu lugar ao desânimo, sono longo depois; e a disposição, agora sim, para meter bronca.
Olha, consta que a CNN teria dado alguma coisa ontem à tarde sobre o mancebo Fernando. É por aí que chegarão aos rabos-de-foguete dos "impenetráveis" Sarney.
Tá perto!
Abraços, garoto.
Isso, Hiro, primo mangiare dopo filosofare...rs
Quanto a turma do arromba de lá vc conhece bem os personagens.
Mais embaixo, no blog do WR, tem outra extensa reportagem sobre violência e poder no vizinho estado - imperdível - com a menção a um velho quadrilheiro de Imperatriz, o Davi Alves da Silva.
Aliás, bandoleiro é o que não falta por aquelas, essas bandas.
Fata político, puliça, MPE e justiça com bolsa escrotal suficiente pra encarar - ou seria encanar? - essa imundície.
Davi Alves Silva, pistoleiro originário da lendária região do Pindaré, onde comandou o massacre de mais de 300 pessoas. Depois político bem-sucedido em Imperatriz - moto contínuo não menos talentoso pistoleiro na cidade, até premiar sua trajetória "rica de mortes" encomendando o assassinato do prefeito imperatrizense Renato Moreira.
Tive contato direto com essa figura, sei de tantas & tantas histórias (e estórias) dele. Acho até vou começar a contar.
Quando fui assessor de imprensa do Reitor da Universidade Federal do Maranhão, José de Ribamar Fiquene (depois o mesmo elegeu-se prefeito de Imperatriz, senador e governador do Maranhão), passei a conviver com o bandoleiro, que ia sempre visitar Fiquene, já político.
São tantas emoções já vividas, camarada!!
Ele mesmo, Hiro. Conte lá, conte.
E a Carla Fiquene, jornalista, é filha do José de Ribamar?
Negativo, das 18:09. Escuro demais o seu humor.
Luluquefala :
Vai de retro, Sarney !
E já vai tarde !
Juva, não. Fiquene não tem nenhuma filha com esse nome (Carla). Pelo menos oficialmente.
São três: Irlana, Silvana e Fabíola. O filho morreu afogado no Tocantins, quando o ex-governador era ainda Juiz de Direito de Imperatriz.
Luluquefala:
Está aí a explicação do senador José Sarney não ter aceitado de jeito nenhum a presidência do senado.
Ele já sabia das peraltices do filhão.
Obrigado, Hiro.
Lulu, vc está satisfeito, né?
Acho que CJK também...eheh
isso sim que é oligarquia, passa de geração prá geração, os filhos dessa turma vão ter bello lago murad sarney na árvore ginecológica (sic).
já aqui no pará não dura nem um casamento
viva o maranhão que continua batendo na gente de porrada
até pistoleiro mata mais que aqui
jc
rsrs...pô, jc, não bastasse o Lafayette pinta outro gozador por aqui...rs. Melhor assim.
Tava, nesse exato momento, escrevendo sobre Maranhão e Pará.
Publico amanhã.
Vais gostar, não gostando.
Toma-te.
Abs
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