20.10.07

INCRA na Ribalta

O presidente do INCRA determinou que seu diretor de Programas, Raimundo Lima, substitua o superintendente do órgão em Santarém, Pedro Aquino, afastado pela Justiça Federal por 60 dias a pedido do MPF, que o acusa de improbidade.
Aquino e mais quatro auxiliares tiveram os sigilos bancário, telefônico e fiscal quebrados. O antecessor de Aquino, Beto Faro, saiu do orgão algemado para um camburão da PF. Dividiu o curto espaço da viatura com seu adjunto, Pedro Peloso.
Pouco mais de um ano depois, Beto da Fetagri, como é conhecido, elegeu-se deputado federal pelo PT.
Em nota divulgada ontem, ao final da tarde, o presidente do INCRA apoia as ações de Aquino e acusa o MPF de encampar, ou cair na rede de quem tem seus interesses contrariados pela ação do instituto.
Veja o trecho da infeliz manifestação de Rolf Hackbart (o negrito é nosso).

O Incra não tem dúvidas de que a ação de regularização fundiária e de reforma agrária na Amazônia Legal tem incomodado alguns setores, porque é evidente que está em curso um conflito de interesses e uma disputa pelo território amazônico, e assegura que o trabalho vai continuar em defesa da dignidade dos povos da floresta e dentro de um projeto de desenvolvimento ambientalmente sustentável.

O que incomoda - não a alguns mas a vários setores, como a PF, o MPF e a Justiça Federal, entre outros - são as sucessivas desordens que envolvem o instituto, em Santarém, Altamira, Marabá, em Pernambuco, ou mesmo aqui do lado, no Maranhão, onde o superintendente foi condenado nesta terça,15, pelo TCU , fato assim comentado pelo Blogue do Colunão.

É compreensível, mas irrelevante a alegação do superintendente do Incra no Maranhão, Raimundo Monteiro, de que sua condenação pelo TCU (Tribunal de Contas da União) “tem o dedo de adversários políticos”. Isto é, do deputado federal Domingos Dutra.
Atual presidente do diretório regional do PT, Dutra lidera uma corrente inimiga do grupo de Monteiro, que responde ao comando do ex-deputado federal Washington Oliveira.
Monteiro, ex-candidato a governador em 2002, diz que não fez nada de errado. Que os procedimentos administrativos censurados pelo TCU, de fato incorretos, foram anulados por iniciativa do próprio superintendente, antes que gerassem despesa ilegal.
Não é o que parece quando se lê acórdão publicado no Diário Oficial da União do último dia 15, aqui noticiado no dia 16. Consta do acórdão que houve despesa, sim, R$ 45 mil, e que os conselheiros mandaram descontar o prejuízo dos salários de Monteiro e outros seis funcionários do Incra-MA. Além de puni-los com multa e inabilitação para cargos de confiança no serviço público.
Mas o TCU pode estar enganado — quem é que não se engana? Estando, em breve haverá de reconhecê-lo. Boa sorte.
Bobagem é vir com essa conversa de que tudo é armação do inimigo. Já basta a monomania de tudo querer-se atribuir ao “dedo de Sarney”, como se toda essa roubalheira sem fim fosse apenas o resultado das maquinações do bruxo do Curupu. Agora ainda tem mais essa de culpar o dedo magro de Dutra, que não dá ordens nem em casa (a mulher é do PSDB), quanto mais no TCU.
Monteiro tem mais é que juntar a papelada, arranjar um advogado esperto, confiar em Deus e recomendar-se aos orixás. Que o diabo está solto, e não é só o TCU que anda de olho no Incra
.

A luta, lá como cá, é de interesses sim, isso é fato.
Há dúvidas, muitas, se seriam republicanos.
Tem muito dinheiro e poder envolvido, num área sob intensa observação internacional. E é incômoda a suposição de improbidade nas superintendências das áreas com maior tensão fundiária no Brasil.
Incômoda, claro, é um eufemismo.
Pelos ingredientes que tem, o INCRA tem tudo para ganhar, já já, a merecida ribalta.

8 comentários:

Val-André Mutran  disse...

O presidente do Incra, caro mestre, não é o primeiro de uma extensa lista de caras carrancudas que tentam transparecer eficiência. Seja de que lado estiver ele e seus colegas. Pena. Queremos todos solução.

Assistimos no Brasil a máxima antiga, muito antiga: A quo - Da parte de cá (o dia a partir do qual se começa a contar um prazo); e/ou juiz de um tribunal de cuja decisão se recorre: “juiz a quo” (opõe-se, ao ‘juízo ad quem’, juiz, ou tribunal, para o qual se recorre). Ab initio - Desde o começo. Ab amicis honesta petamus - Só devemos pedir aos amigos coisas honestas.

Data venia, ab inimicius possum mihi ipse cavere, ab amicis vero non - Dos inimigos posso eu mesmo me precaver; dos amigos, realmente não.

Val-André Mutran  disse...

Ature minha impertinência.

Num governo que buscam a Justiça Social. A eqüidade da distribução de renda, inclusive acionando estabelecer o peso do Estado: O que serei o primeiro à aplaudir, visto que estou estou lascado, ameaçado, vilipendiado e a mercê de um um Estado que me solapa de impostos e joga à vadiagem e corrupção quase todo o meu tempo útil de trabalho?

Que negocia a priori sua sustentabilidade indecente à peso de incontáveis edições de medidas provisórias?

Quem não apresenta à classe média, muita menos à trabalhadora desse país a mãe pesada - que seja - de uma inegociável reforma fiscal e política.

Peraí mestre. Pode mandar esse tal de Mangaba, chpar manga na California.

Esse país não tem planejamento.

Esse país vive de acordinhos da hora!

Anônimo disse...

Relamente o planejamento não existe, Mutran, como nunca existiu, o que não é desculpa para que continue ausente das ações de governo.
No caso do INCRA, de acordo com o link para "a mascara que continua caindo", o caso é muito sério.
Ouvi de um "lider comunitário" da ilha das onças, em Belém, que a ilha seria considerada assentamento, e seus comunitários seriam "assentados para reforma agrária"!!!???...e receberiam crédito para o seu "assentamento".
Realmente não sei se isso aconteceu, mas testemunhei uma reunião com órgãos federais como EMBRAPA, GRPU e IBAMA, na qual isso foi aventado, com inclusive citação de valores a serem desembolsados e quando seriam liberados, e isso foi em fevereiro ou março de 2006.
Tal informação levou a uma verdadeira batalha entre as "lideranças" da ilha, para ver quem seria o responsável(ou I) pela lambança da distribuição dos créditos, no valor, segundo a informação, de R$ 30.000,00 por família, sendo que na ilha existem mais de 700!!.
Sei também que nas RESEXs os moradores recebem crédito do INCRA, para ficar onde já moravam, se entram no cômputo de assentados para efeito de reforma agrária, não sei.

Anônimo disse...

É verdade que nas RESEXs os moradores recebem crédito do INCRA, para continuar onde moram, se assinarem como "assentados" e aparecerem nas estatisticas fantasiosas da reforma agrária. Esse PT não tem jeito! Decididamente é uma "farsa"!
Mas não vamos ser maldosos de pensar que corre a sacolinha do PT até nestes créditos dos " assentados". Afinal... o partido precisa... e quem divide, sempre terá benefícios.
É o PT que muitos não conheciam. rs
E o presidente do INCRA reza bem na cartilha do Lula, não vi, não sei e tenho raiva de quem sabe.

Anônimo disse...

O PT provou que não é "probo" como pregava, se igualou aos outros partidos para os quais atribuía os piores adjetivos quando se tratava de conchavos, corrupção, e "otras cositas mas" , com um agravante: quando se descobre suas maracutaias, ou não sabe de nada ou diz que é intriga da oposição. Ou seja, é aquele macaquinho q não vê, não escuta e não ouve e ainda tem mania de perseguição...

Anônimo disse...

Muitos deputados do PT se elegeram com o esquemão do INCRA, tais como, Bernadete Ten Caten, Beto e Bordalo. Beto está calado e agindo nos bastidores, Bernadete posa de defensora dos direitos humanos e Bordali defende a Pagrisa.

Val-André Mutran  disse...

Espero ação de governo. Vários órgãos de Comunicação estãoo nesse momento no sul do Pará.

Li o comentário do anônimo e/ou anônimos e digo-lhes: não há nesse momento a quem recorrer de maneira imediata uma solução para uma gravíssima crise instituicional que está em curso na região do Carajás.

Deixemos de lado a questão da criação do Estado do Carajás.

Vocês não têm idéia o que está em curso para a completa desestabilização da região.

É grave, muito grave mesmo a conjuntura por lá.

Na semana que se inicia amanhã vocês terão uma idéia do que digo.

Anônimo disse...

Val, você tem razão, tudo orquestrado pra prejudicar a região. E os petistas na moita, mandando ver. Pode crer: tem dedo mindinho nessa história.
Os conflitos sempre serviram como pano de fundo pra interesses escusos. Lamentável...
E a região e seus habitantes vão continuar pagando o pato.