A respeito das notas envidas pela ALCOA ( ler tres posts baixo), o blog faz as seguintes observações.
1. Sobre a nota Outra Cargill?
O blog errou ao afirmar que os empreeendimentos citados - ferrovia e porto - nao teriam sido incluídos no EIA-Rima do projeto. Foram incluídos sim, embora os técnicos da SECTAM e o Ministério Público Estadual avaliem que a apresentação dos impactos das estruturas principais do projeto foi insuficiente. Quanto às outras estruturas - além de porto e ferrovia, uma rodovia e uma termelétrica - simplesmente não houve medição de impactos.
Os técnicos da Sectam é que afirmaram isso ao emitir um parecer técnico antes da concessão da licença prévia que apontava todas as falhas sem meias palavras. Mesmo asssim, e contra a posição do representante do MP no Coema, optou-se por conceder a licença.
Porque se concedeu?
A Alcoa pode até dizer que citou tais questões no estudo, mas isso, de acordo com as leis brasileiras, não equivale a medir o impacto. O que define a medição de um impacto é a sua inclusão na chamada matriz de impactos, uma síntese simplificada elaborada ao final dos estudos que vai explicar cada impacto, seu alcance e sua possível mitigação e/ou compensação.
Nesse documento fundamental, no qual se baseia a decisão de conceder ou não licença, a Alcoa esqueceu de prever todos esses impactos.
Outro detalhe que merece atenção: por conta dessas falhas, bem antes da concessão da licença, MPE e MPF, junto com especialistas de várias áreas tangenciadas pelo projeto, chamaram a Alcoa para a mesa de negociações.
O debate estava produtivo, com as comunidades participando e a empresa parecia interessada em incluir os impactos ausentes e corrigir a rota do EIA. Mas assim que a licença foi concedida, com a urgência sempre alegada nesses casos, a empresa se retirou das negociações.
Só a título de exemplo, a comprovar a ausência das medições: trata-se de um rematado absurdo que o traçado da ferrovia passe por áreas de assentamento.
2. Sobre a nota Merda n'Água.
Bem, se os efluentes estivessem devidamente tratados não teriam ocorrido os problemas. E já que existe discrepância nos laudos, nada melhor que uma contraprova, que o MP e o MPF deveriam solicitar.
Em todo caso, como explicar a quintuplicação do número de casos de hepatite?
------------------
Falava-se no final de semana em Santarém que teriam rolado cabeças no alto escalão da empresa em Juruti.
2 comentários:
Por falar em efluentes, como fica o jornalista Miguel Oliveira, que "testemunhou" que a merda, quem joga, são os aproveitadores ribeirnhos, e não a ínclita Alcoa - ele não ouviu, na audiência pública, a confirmação, pelo representante da empresa de que houve, sim, vazamento do esgoto do refeitório(mas isso é apenas um pequeno detalhe, não?) - e faz profissão de fé nos atos "transparentes" da multinacional canadense? Agora vai acusar a população que insiste em beber água, mesmo com o risco de contrair hepatite?
Dois assuntos bem distintos devem ter fundido a cuca anônima do comentarista de 11:13 AM.
Testemunhei que, no lago do Jará, a água estava límpida, sem a turbidez dos dias em que o aterro usado em terraplenagem de uma estrada - e não os efluentes dos alojamentos dos empregados da Alcoa - foram despejados naquele manancial por forte enxurrada. Quanto às fossas, as mesmas estavam lá, no dia em que tirei fotos do local. Ao redor da bomba de captação de água da Cosanpa.
Quanto à contaminação por efluentes dos igarapés serventuários do lago do Jará, estou a esperar por resultado de análise feita por algum laboratório credenciado para tirar a prova dos nove.
Como sou jornalista e não messiânico, pois não acredito em dogmas, longe de mim fazer profissão de fé. Em empresas ou em seres humanos, mesmo os bem intencionados ou inocentes úteis.
Miguel Oliveira
Postar um comentário