5.10.07

Gangsterismo Sindical

No blog do Alencar.

Como se não fosse pouca a violência urbana, o movimento sindical rodoviário de Belém acaba de dar sua contribuição, no curso de mais uma eleição sindical - violenta como sempre - suspensa por decisão do Juiz do Trabalho Titular da Sexta Vara do Trabalho de Belém.
São vítimas da violência não somente os próprios militantes sindicais rodoviários, os vizinhos e transeuntes da Avenida Duque de Caxias aqui em Belém(Nova Déli), mas também o próprio movimento sindical, que assim dá mais uma volta na rosca da decadência e da degenerescência.
Ou as lideranças sindicais mais sérias e atiladas engendram mecanismos de prevenção e solução pacífica desses conflitos, ou o movimento sindical começa a correr sério risco de ser confundido com gangsterismo sindical que as oposições sindicais dos anos setenta e oitenta prometiam erradicar

7 comentários:

Anônimo disse...

Caro Alencar,



Entendo tua indignação e vejo na mesma um pouco da história.

Foste, como eu, advogado dos rodoviários.

Muito pouco mudou de lá pra cá.

Talvez não tenhamos conseguido fazê-los entender e compreender a importância dessa categoria para todos nós ou, quem sabe, até compactuamos, inconscientemente, do mito de que a luta rodoviária tem, na truculência, uma das suas principais características de força para enfrentar um patronato que se caracteriza também pela violência, exploração e mesquinhez..

Vi as cenas de hoje e confesso que fui tomada pela tristeza. Pois ali estavam irmãos de sofrimento lutando entre si, fortalecendo aquele que enriquece (ou pelo menos enriqueceu no passado) à custa da exploração dos trabalhadores e da conivência do Poder Público durante muitos anos.

Mas não vi gangsterismo, não. São trabalhadores, talvez com uma visão equivocada da luta e da importância do bom combate, mas trabalhadores, sim!

E mais, o legado da história dos rodoviários ainda hoje repercute. Não obstante o declínio lamentável do Roque, seria uma injustiça esquecer a sua importância para todo o movimento sindical.

Tenho reservas com relação à forma de luta dos rodoviários e em algumas ações judiciais reservo-me o direito de não atuar, mas jamais os verei como gangsters e fiquei surpresa com essa expressão dita por um ex-advogado do sindicato dos rodoviários.

Fraternalmente,

Mary Cohen

Unknown disse...

Dra. , a senhora se dirige ao Alencar, mas não posso deixar de saudar sua visita, e dizer o quanto admiro seu trabalho.
Bem vinda ao Quinta.

Anônimo disse...

No sindicalismo, e suas extorões, existem formas e formas!

Anônimo disse...

Querido Juca,

afastada que estou da luta sindical há décadas, não meto minha colher aqui. Mas, espero que você tenha a eterna paciência para me "ouvir" como usuária de transporte público, e, por isso, não vou perder a deixa.

Todos os dias ando de ônibus. Vou e volto do trabalho. Vou a quase todos os lugares de ônibus.

Vivo a tragédia desse desserviço ao povo de Belém melhor do que qualquer especialista.

O maior problema é que enquanto usuários - veja que não usei o termo cidadão - sequer sabemos onde cobrar o que nos é de direito.Na CTBEL? A mesma que vê todos os dias as condições que eu e milhares sofremos e é surda, cega e muda?

As pessoas, nos pontos de ônibus, estão cansadas sempre, abatidas pelo calor da manhã ou pelo cansaço da tarde, e só querem que o ônibus chegue. E que ele, pelo amor de Santo Abrósio, pare, caso o motorista não esteja atropelando seu horário de escala ou não esteja enlouquecido pelo ruído do motor de caminhão escamoteado pela carroceria de ônibus.

O que se faz, por exemplo, com os que têm direito à gratuidade, especialmente o idosos, é um crime. É violação de direito!

Algumas lihas não abrem a catraca para estes usuários e eles ficam ali, na gaiolinha antes da roleta, exatamente os que teriam direito a mais respeito e dignidade, prensados, em pé. E descem rumo ao seu destino, amarfanhados pela vergonha que é o transporte público para interesses privados desta nossa Santa Maria de Belém do Grão Pará.

Maquearam parte da frota, após o aumento das passagens. É doloroso aceitar isso silenciosamente, terrivelmente. Ônibus pintados com carregadores de paneiros de açaí são adequados até, para nos remeter ao suor, ao cansaço, à desistência da condição cidadã.

Quem sabe os rodoviários e a populaçao de Belém pudessem perceber que são reféns da mesma quadrilha: a máfia pública - que concede e não fiscaliza - e a bandidagem privada - que explora trabalhadores e usuários - e então a truculência terminaria numa grande e maravilhosa revolução pelo direito de ser transportado por gente e de sermos transportados como seres humanos.

Não há, Juca, sem nenhum medo de errar, nada que se compare "nesse país", como diria o Messias.

Beijão

Unknown disse...

Já me manifestei algumas vezes aqui no Quinta sobre o sistema de transporte público e os motoristas de ônibus de Nova Déli.
Há marginais em ambos os lados.
Dentre os empresários, que enfrentam a ruína de um setor que não soube fazer a transferência de comando, que sistematicamente enviou os lucros para o exterior, que financiou a malandragemna política, que nunca renovou a frota com regularidade e qualidade, que não teve forças para ampliar o atendimento e permitiu, pela insuficiência, a entrada do transporte alternativo.
Dentre os motoristas, alguns verdadeiros assassinos, o gangsterismo corre solto, como diz Alencar, e não é só entre os membros do sindicato.
Só marginais deflagram greves em serviços públicos sem avisar a população.
A categoria está doente.
A condução dos veículos prova isso.
Tivéssemos um psicotécnico sério, desconfio que poucos passariam.
Ninguém merece, trabalhadores e empresários deste quilate numa concessão de serviço público, como vemos em Nova Déli.

Ronaldo Giusti disse...

Alencar tem autoridade para se manifestar sobre a questão sindical, pois foi, durante muitos anos, advogado do Sindicato dos Rodoviários: advogado comprometido com a causa dos trabalhadores e não um mero advogado ávido por causas trabalhistas. No início da década de oitenta tive oportunidade de estagiar no Sindicato, então presidido pelo Evangelista. Nessa época, embora as disputas internas e reivindicatórias se anunciassem firmes, não tinham o viés de violência. No entanto, a exemplo de Mary Cohen, sou de opinião que o adjetivo atribuído aos que se excedem não é apropriado. Ou não seriam apenas excessos?

Unknown disse...

Excesso de timidez, meu caro Ronaldo.
As cenas registradas nas eleições, e não foi só nessa não, e mesmo o comportamento dos motoristas de ônibus no transito de Nova Déli não deixam a menor dúvida.
A menor, insisto.