15.4.08

Em Solo Firme

Voltava de um jantar no restaurante do Aeroporto de Nova Déli, num domigo à noite. No carro, os pais de minha primeira namorada, a irmã mais velha e o namorado, a outra irmã e eu. Os dois casais de namorados espremidos no banco de trás de um Corcel quatro portas, da cor ocre. Corria o ano da graça de 1971.
Ao passarmos na frente do estádio do Clube do Remo, tentando agradar o sogro, perguntei-lhe se não achava as pilastras da arquibancada da Av. Amirante Barroso, inaugurada semanas depois, muito finas, e se elas não poderiam cair sob o pêso da saltitante torcida que lotava o ( na época ) maior estádio da cidade.
Ele riu e respondeu: Não cai não, Juvêncio, fui eu quem calculei.
Caíram todos na gargalhada, inclusive o encabulado Juvencio, que nunca mais esqueceu da gafe. Pra minha sorte, o calculista da obra, o super boa gente Paulo Borges Leal, coração enorme, nem ligou. E, com efeito, elas estão lá, inteiras, 35 anos depois.
Lembro da história pois desde a semana que passou tenho ouvido estórias de uma bela construção, ainda inacabada, que estaria ameaçada de implosão por falha nas fundações.
Embora fatos como esse não sejam do escopo do blog, a curiosidade me levou a consultar um amigo daquela época de arquibancada, craque em Geotecnia e futebol.
Não falava com ele há muitos anos, mas é daquelas amizades que mesmo sem ênfase - nossos cotidianos nos afastaram - ainda guarda muita qualidade.
Ele começou a rir no meio da pergunta, desmentiu o boato com muita tranquilidade - pois foi ele quem calculou a obra alvo do boato! - e disse que tinha ouvido a gafe lá de cima, do próprio Paulo Borges Leal, de quem foi estagiário no BASA ao entrar na faculdade, no final dos anos 70. A gafe correu...rs
Só não sabia quem era o protagonista. Fui eu, disse ao amigo, e marcamos um café na quinta feira pra matarmos as saudades.
Sou um cara de sorte. Pelo menos com os pais de namoradas, e com os amigos de juventude.

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Atualizada às 23:34 para acréscimo de informações.

13 comentários:

Anônimo disse...

Juca querido,

delícia de post!

Mas, como sempre, faço um adendo: sei que você continua com sorte pois além dos pais das namoradas e de amigos da juventude, tem bem mais do que meia dúzia de doze de bons amigos nesta idade madura (idade madura? argh!!!)

Beijão.

Anônimo disse...

Você não é somente um cara de sorte meu amigo, voce nasceu "encantado".
Abraços.

Unknown disse...

rsrs...incrível coincidência, 35 anos depois, queridona.
Mas desta vez, um ex estagiário do pai da primeira namorada- uma garota meiga e linda - salvou-me.
E tenho sim, bem mais do que uma dúzia de amigos, e amigas...eheh
Com eles piso em solo firme.
Bjão

Unknown disse...

Dudu,minha flor!...rs
O que vc anda aprontando,caríssimo.
Gostou, né?
Parecida com as centenas de histórias que vc tem...rs.
Estou lhe esperando em maio, certo?
Abração

Hiroshi Bogéa disse...

Post arretado!
É assim, num tranco e num barranco, que você dá o start.
A alma e o texto.
Coisa melhor do que isso?
So as amizades que constróis, ao longo do tempo. E eu já me considero um dos teus.
Que esse cafezinho de quinta seja bem quente e aromoso.
Um abraço, parceiro.

Unknown disse...

rs..obrigado por assim se considerar,HB.
Vc é da cota dos amigos da idade madura...eheh
Como Dudu e Bia.
Abs,parceiro.

Alan Lemos disse...

Hehe. Muito interessante a história, Juvêncio.
Além de deixar sem jeito, pela pergunta, também é uma honra poderes ter tido essa relação com ele.. e não é só isso: de teres ouvido da boca do próprio que aquilo estaria bom.

Se hoje estão precárias, certamente é pelo tempo.
Abraços.

Unknown disse...

Olá, Alan.
Acabei de perceber que havia omitido uma informação fundamental no post. Este meu amigo de juventude também foi o calculista da obra alvo do boato.
Atualizei o post.
Abs

Anônimo disse...

Beleza de história Juvencio. Quem nunca cometeu uma gafe? Poderias perguntar pros teu leitores. Olha, a maior gafe que cometi foi no Maranhao. Fui a Alcantara durante a festa do Divino. La pelas tantas encontrei um aluno meu, boa gente. Ao lado de onde estávamos havia uma mesa enorme, onde se destacava na cabeceira o famoso político Maranhense, presidente da Assemblei Legislativa, Manoel Ribeiro (mais conhecido como Manoel Galinha). Enfim, la pelas tantas comecei a falar de política com meu aluno e nao sei como fui citar o Manoel Galinha como um dos maiores exemplos de politico corrupto. Bem, já deves estar imaginando, o meu aluno era filho do tal político e muito educadamente disse: ele é meu pai.
Trocamos mais algumas palavras e nos despedimos.
abracos

Unknown disse...

rs...ainda bem que conseguiam trocar algumas palavaras depois da gafe. Sim, todo mundo tem uma história pra contar.
Abraços prá vc.

Yúdice Andrade disse...

Muito boa a história, Juvêncio, que dá ao blog a vivacidade de seu editor, deixando-se entrever assim, em sua humanidade. E, com efeito, pai de namorada é sempre uma experiência muito delicada...
Abraço.

Anônimo disse...

Grande Juca ! com um texto assim, quem não lembra de ter cometido uma ''gafezinha'' neh ? rs...saudações do Mediador de Emoção !

adelaide disse...

juca,

eu sou a rainha das gafes, algumas eu até provoco!rsrs.
lembros da época do academia amazonia?teu amigo geraldo coelho, e a repórter foca??então, uma das mais inesquecíveis da minha vida.rsrs
bjs