15.4.07

Uma Cidade e Seu Espírito

Não levando em conta a seiva das mangueiras, que são árvores sérias e seculares, que tipo de sangue corre nas veias de Belém? A resposta está por aí, nas notícias de jornal, nos bares, esquinas, no aroma tucupi-pimenta de cheiro, uma combinação diabólica, e nas conversas em volta das bancas de tacacá. O sangue que corre nas veias de Belém é um sangue equatorial, bandalho. È claro que com uma pitada de sífilis, aqui e ali, mas isso agora não vem ao caso.
Na linha do Equador a coisa é quase toda assim, mas Belém tem características próprias, únicas. Temos pé, mas não temos cabeça, pelo menos no que se refere à pirâmide social. Na base está a sacolejante massa de pobres e miseráveis, mas seguindo para o topo, não há nada além da classe média. Burguesia e nobreza, nem pensar. Em meio a essa grande confusão sociológica, os novos ricos sobem e descem, sem posição fixa de acordo com as disponibilidades da Sudam e dos cofres públicos em geral.


Assim começa o texto do saudoso jornalista Euclides Bandeira, o "Chembra", publicado em 1991, mas atual e pulsante. Da biblioteca do jornalista Miguel Oliveira, para os leitores do Quinta, aqui.

Um comentário:

CJK disse...

Saudades do Chembra.