Cuidado Com a Criança!

Não me lembro mais aonde era, acho que no interior do Maranhão, um puteiro havia que se chamava Pinga Pus...diga lá, que tal?
Mas lembro bem da cara de meu ex cunhado contando a história, o jornalista Walter Rodrigues, há trinta anos prá lá mudado e comendo arroz de cuxá , sem nunca dar trégua à prole sarneysista.
Não poupou nem o filhote cheirador do bigode de xirí, na vez que, recuperando-se de um enfarto, foi covardemente atacado por Fernandinho Sarney e seus lambe botas do jornal Estado do Maranhão. Chamaram-no de inválido.
Mandou bala em sua página dominical no Jornal Pequeno. Dois domingos seguidos de peia. Foi uma confusão, naqueles ainda difíceis anos 80.
Walter pisou com tanta força no saco do nariz de canal que mandaram um emissário para acalmar o enfartado. Era o presidente da Centrais Elétricas do Maranhão, a CELMA.
Nessa época, fazia pouco que Walter deixara de ser o correspondente do Estadão em São Luís, embora um enorme telex teimava em atravancar um dos quartos da casa simples, no Conjunto Renascença, onde vizinhava com um famoso colunista social, Pergentino Holanda, o PH, o Adenirson Lage de lá.
Quando ele passava na frente de casa, fim da tarde, metido num blaser azul frança com botões dourados, Walter dizia: "PH, o colunista que deu certo".
PH ria, faceiro.
Walter deixou o Estadão de tanto brigar com seu diretor, o jornalista Miguel Jorge, esse um que agora tira uma de ministro.
Mas voltemos ao pinga pinga.
A lembrança me veio à mente depois de saber das primeiras notícias da apresentação do IPEA ontem, em Brasilia, sobre o esquartejamento do Pará.
Pingou pus.
Ele aparece toda vez que há qualquer tipo matéria pútrida no corpo.
Furúnculo, protuberência, glândula, tumor, corrimento de ouvido, sinusite, condições crônicas de acne, visão deteriorada, fístula ou fissura - o pus tem que ser imediatamente tratado, já que elas podem crescer "para dentro" de nossos corpos e tornarem-se tumores calcificados, em vários órgãos, incluindo o cérebro.
A providência mais simples - que se aprende e se aplica das cachoeirinhas do Pirucaba, onde os galegos se banhavam, até o Lago Grande do Curuai, onde carneiro vira boto - é a drenagem.
Se em 24 horas não regredir, fazemos um cataplasma, de ervas, abóbora, cenoura, batata e até mel de abelha. Coisa que a preta Ana sabia de cor e salteado.
Se ainda assim piorar, aí temos que ir ao médico, e bater na porta da química pesada, pois a infecção é séria.
Calça de veludo ou bunda de fora: se é prá entrar no antibiótico, vamos logo naqueles de última geração, sintetizados por engenharia genética, sem conversa mole, hein?
Nas nossas mãos, os tres procedimentos de cura.
Chegou a hora de tratar desse pus, antes que a infecção contamine o menino, esse menino chamado Pará.
Passado o susto, a gente dá um tiro prá cima. De cartucheira.
Que nem fez o pai do Parsifal quando ele nasceu.