10.2.08

A Mídia e a Eleição Americana

Do blog Diário de Nova York, por Marília Martins.

Para quem torce a mídia nas prévias americanas? Barack Obama tem uma resposta: “Hillary Clinton, é claro, a candidata preferida do establishment”. É verdade que nas grandes coberturas televisivas na Fox News e da CNN, o noticiário costuma referir-se a Obama como “o desafiante”. Foi assim também que ele apareceu na capa da revista semanal “Time”. Mas, para os estudiosos que observam e estudam os órgãos de comunicação nos EUA, a resposta não é tão simples assim. É o que pensa Mark Miller, professor do Departamento de Comunicações da New York University.
_ A situação é complicada. Por um lado, a mídia entronizou Barack Obama, tratando-o sempre como um Deus, raramente apontando suas fraquezas, suas evasivas ou mesmo minimizando suas ambíguas conexões. Tem havido uma forte tendência a destacar o poderoso efeito emocional que Obama exerce sobre seus eleitores e simpatizantes enquanto que o tratamento dado a Hillary Clinton é bem mais duro, às vezes até cínico, como quando ela chorou emocionada com a pergunta de uma eleitora em New Hampshire e muitos repórteres tentaram mostrar que ela estava usando as próprias lágrimas como estratégia eleitoral _ acredita Miller.
Ele aponta, porém, uma diferença fundamental entre a opinião oficial dos órgãos de comunicação e o trabalho de seus repórteres. O jornal “The New York Times”, por exemplo, manifestou apoio a Hillary em editorial enquanto um de seus concorrentes, ”The New York Sun”, preferiu Obama, assim como o “Chicago Tribune”. E, mesmo apoiando Obama, o “Chicago Tribune” vem publicando uma série de matérias investigativas sobre as relações entre o candidato e um dos doadores de sua campanha, o empresário Tony Rezko, que responde na Justiça acusações de fraude e de lavagem de dinheiro e será julgado no começo de março. Segundo Miller, para os acionistas das grandes corporações de mídia, não há grande diferença entre Obama e Hillary no que se refere à plataforma do partido democrata. Mas há sim maior simpatia por Obama, sobretudo na grande imprensa, e isto se deve a outra razão:
_ Não há qualquer indício de que os proprietários das grandes corporações de mídia como Time-Warner, a Disney, a News Corporation, General Electric, The New York Times Inc prefiram Hillary ou Obama. Mesmo assim, Obama tem sido privilegiado e tem merecido um tratamento bem mais benevolente e eu diria mesmo reverencial nos grandes órgãos de comunicação. E isto por uma razão muito simples: repórteres e produtores de TV têm muito medo de parecerem racistas e então beneficiam Obama _ analisa Miller.

Ele aponta alguns exemplos do tratamento benevolente dado a Obama:
_ As relações entre Obama e Tony Rezko não ganharam páginas e espaço na grande mídia, apesar as denúncias do “Chicago Tribune” de que Obama teria sido um protegido de Rezko. O empresário Rezko tem longa história com Obama e foi um dos maiores doadores de sua campanha. O processo de Rezko da Justiça foi muito amenizado nos jornais. Trata-se de um rumoroso processo por fraude e lavagem de dinheiro. Rezko foi indiciado e será julgado no começo de março. Além disto, Obama tem entre seus principais doadores de campanha uma empresa de energia atômica, a Exelon. Ele retrabalhou o texto de uma lei que obrigaria a empresa a tomar uma série de precauções no que se refere ao lixo atômico. A lei tornou-se inócua e não foi aprovada. Estaria Obama "protegendo" a Exelon? Ninguém apurou esta história direto. E num dos debates, antes de “acusar” Hillary Clinton por ter trabalhado no conselho-diretor de uma grande corporação como a Wal-Mart, Obama deveria ter deixado claro que sua mulher, Michelle, trabalhou até maio para uma das maiores fornecedoras da Wal-Mart, a empresa Treehouse Foods e que, portanto, o casal também beneficiou-se com o bom desempenho da corporação. A mídia não cobrou isto do candidato.
A maior simpatia por Obama, no entanto, não pode ser pode demais explícita e, por isto, Miller acha que Hillary também teve alguns dos episódios negativos de sua campanha minimizados pela mídia, o que rendeu dividendos eleitorais a seu favor.
_ Hillary teve alguns escândalos abafados. O casal Clinton apoiou e incentivou uma série de artimanhas, algumas judiciais, para reduzir o comparecimento dos eleitores ao caucus em Nevada. As artimanhas foram tão evidentes que Obama chegou a denunciá-las. Mas, outra vez,a mídia logo abafou o caso, depois da vitória de Hillary nas prévias do estado. Isto mostra que, para a direção editorial dos órgãos de mídia, é indiferente que Obama ou Hillary sejam indicados pelo partido democrata. A mídia privilegia Obama e minimiza episódios polêmicos da campanha de Hillary. Por isto, a maioria dos órgãos de comunicação define esta competição como “eletrizante” e já transformou as prévias num espetáculo nacional _ avalia Miller.

5 comentários:

Anônimo disse...

Go Hillary , go.!!!!!!!
See you in WAS.
Abs
Tadeu
Romolo agora é sua vez opinar.

Unknown disse...

rsrs...pô, Tadeu..rs
O Romulogic é republicano...eheh
Abs prá vc.

Anônimo disse...

a melhor cobertura em português das eleições americanas:
http://www.idelberavelar.com/
tá logo embaixo do quinta emenda nas minhas leituras diárias obrigatórias

Unknown disse...

É um honra, obrigado. Vou conhecer o site.

Anônimo disse...

Não há nenhuma dúvida quanto quem sairá vencedor, ou melhor, vencedora dessas eleições. Para dar continuidade aos planos dos pais fundadores da nação dos EUA, é claro que Hillary vencerá. .´.