Nagib Charone é um dos poucos acadêmicos que se expõe ao debate público em Belém. Uma vez por semana ele enfrenta o desafio de um tema de interesse imediato com um artigo em O Liberal. Nem sempre concordo com o que ele diz, mas aprendo tanto na divergência quanto na afinidade. Sua última manifestação é sobre tema relacionado a uma nota publicada na edição anterior deste jornal. Não há motivo para pânico nem para pressa, mas é preciso estudar melhor o subsolo no sítio de Belém, que está sendo submetido a uma pressão que ninguém, baseado no processo histórico da cidade e no bom senso, podia prever.
Assim começa mais um artigo de Lucio Flavio Pinto, da mais nova edição de seu Jornal Pessoal, nas bancas, e na web pelo blog do Estado do Tapajós.
Quem deveria lê-lo com atenção é o vereador Gervásio Morgado, do PR, um dos baixos da questão urbana de Nova Déli.
2 comentários:
Juca...peço licença pra colocar a carta do jornalista Mauro Neto, na edição de hoje de um jornal da cidade. Realmente, concordando ou não com a missiva, Belem precisa de ações mais eficaz no combate a insegurança que domina a população...segue :
''Onde está a polícia?
A morte da jovem Lorena Peixoto durante um assalto a um microônibus na noite de anteontem, na Augusto Montenegro, é a comprovação de que o Sistema de Segurança Pública do Estado já perdeu a guerrra contra a violência. E o pior é o agravante desta constatação mais do que óbvia: está perdendo a batalha para os ladrões de galinha. Isso mesmo. Ladrões de galinha que - de armas em punho - se transformam em perigo real para todos que estão ao seu redor. Municiados belicamente sabe-se lá por quem, esses assaltantes-assassinos - a maioria tão jovens quanto a própria Lorena - formam uma legião de marginais capaz de tirar a vida de outros por míseros trocados.
Já não bastassem as quadrilhas de assaltos a banco; das 'saidinhas' traiçoeiras; dos crimes de encomenda; dos raptos relâmpagos; dos revanchismos sangrentos do cotidiano; das gangues; somos obrigados a conviver, por pura inoperância da polícia, com delinqüentes que mal saíram das fraldas e já estão com revólveres e armas brancas em punhos prontos para ferir e matar, sem piedade ou remorso. Anteontem foi Lorena. Amanhã pode ser eu e depois de amanhã você, seu pai, sua mãe ou seu irmão. Quem sabe?
Lorena era uma menina humilde, batalhadora, evangélica e responsável em cuidar de dezenas de crianças durante as aulas da escola dominical da Assembléia de Deus da rua 10 no Conjunto Maguari. Independentemente da boa índole da vítima, é necessário reafirmar aqui que seus algozes - e a maioria dos pequenos criminosos - muitas vezes são arrastados para a criminalidade pela praga perniciosa do tráfico de drogas que assola a Região Metropolitana de Belém. Roubam e matam por qualquer moeda apenas para suprir suas necessidades físicas. Triste, mas real. Doloroso, mas verdadeiro. Cruel, mas sincero.
Se viva estivesse, a boa cristã Lorena Peixoto, com certeza, perdoaria seus algozes, que foram mortos pela revolta da população. Esta - desamparada - aprendeu pouco a pouco a fazer justiça com sangue. Mas, mortes não se lavam com sangue e sim com Justiça. Esta, como se sabe, anda bem longe da grande maioria da população há muito tempo.
Qualquer policial rame-rame sabe que remédio para criminalidade de varejo - como a polícia gosta de classificar crimes de pouca importância ou de menor valor - é a ostensividade. Polícia na rua não só intimida a bandidagem ralé, como tranqüiliza a população. O que ninguém parece notar, muito menos os empoeirados policiais de gabinete (que vivem a polir seus galardões), é que são esses crimes de menor poder ofensivo que quase sempre descambam para inocentes com armas na cabeça (pelo menos um vez por semana se pode ver isso nos jornais). São esses pequenos delitos que acabam em morte, como a da Lorena. São esses crimes medíocres que acabam com sangue nas ruas e famílias nos cemitérios. E que amanhã nenhum burocrata fardado, ou não, venha me dizer que eu estou enganado. Não admitirei isso, eles que engulam em silêncio a crítica e que repensem suas estratégias de combate ao crime. Estatísticas não consolam famílias, como a de Lorena.
Está faltando Polícia na rua, sim! Está faltando policia na rua do barão e na viela do pobre. No templo do religioso e na casa do descrente. Está faltando polícia na escola, no posto de saúde, na praça, no centro comunitário. Está faltando polícia e ponto final.
Para esses policiais de gabinete, tão bem guardados e cegos, um recado: mirem-se no exemplo de Lorena. Jovem, trabalhadora e morta. Sua culpa, nenhuma.
Lorena era professora de meu filho de seis anos e lhe ensinava os primeiros passos na Biblia Sagrada. É dela que tiro o conselho certo para a Polícia do Pará: 'Considerai isto: se o pai de família souber a que horas da noite havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria sua casa desprotegida' (Mateus 24:43).
Polícia, vigiai! Vigiai, Polícia! Isto basta.
Mauro Neto
Jornalista
Saudações do Mediador de Emoção !
Oi, Med. Vc não precisa pedir licença aqui no blog. O caso da Lorena chocou a cidade. Mais um choque. A tese central da carta do Mauro - saudades dele! - é correta: perdeu-se a guerra contra o crime neste estado. Ao menos por hora, e por um bom tempo.
Enquanto subsistirem, e muito bem de saúde, os bandidos do estado, os fora da lei da sociedade civil irão ainda melhor.
É assim.
Abs
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