No blog Arquivo Implacável, digo, Espaço Aberto.
Anônimo que compareceu ontem (13) ao Quinta, para comentar o post Jader espera Messias, fez uma pergunta que está lá na caixinha: “Não foi esse cidadão que condenou o Duciomar?” Referia-se ao advogado Edison Messias de Almeida, que se aposentou como juiz federal e agora defende o deputado federal Jader Barbalho (PMDB).Sim, Anônimo, foi.
Foi mesmo Edison Messias quem condenou, em 1994, o atual prefeito de Belém, Duciomar Costa (PTB), pela prática de charlatanismo, porque constatado, confirmado e provado amplamente nos autos que ele prescrevia receita de óculos sem jamais ter sentado no banco de uma faculdade de medicina.
Duciomar só não cumpriu a pena imposta pela primeira instância porque o recurso de apelação que ajuizou perante o Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília, tramitou muito lentamente, a punibilidade prescreveu e acabou sendo extinta.
Na campanha para prefeito de Belém em 2004, quando Duciomar disputou a eleição com a atual governadora Ana Júlia (PT), o assunto veio à baila, evidentemente, e desta vez com um componente a mais: o então candidato do PTB foi acusado de portar três CPFs, exibidos em programas de televisão dos adversários, com base em certidões obtidas on-line no site da Justiça Federal.
O juiz federal substituto José Airton de Aguiar Portela, atualmente na Seção Judiciária do Distrito Federal, era na época o diretor do Foro em exercício e decidiu baixar portaria determinando a suspensão temporária da emissão de certidões negativas pela internet. Tal medida, segundo justificou o magistrado, foi necessária para apurar a ocorrência de eventuais falhas técnicas no sistema on-line, com o objetivo de “salvaguardar não apenas a imagem de respeito e credibilidade de que se faz detentor o Poder Judiciário Federal, mas a segurança jurídica dos cidadãos que procuram a Seção Judiciária do Pará para obter certidões”.
Pois nada disso, nem a condenação em primeira instância, nem a história dos CPFs, foi capaz de impedir que Duciomar – apoiado por ampla coligação formada por PP, PTB, PSC, PFL (hoje DEM), PRTB, PV, PRP, PSDB, Prona e PTdoB - se elegesse prefeito de Belém no segundo turno, com 356,2 mil votos, contra 238,3 mil atribuídos a Ana Júlia.
2 comentários:
Oi Juca,
A vitória de Duciomar em 2004 vem totalmente ao encontro da pesquisa, em forma de estudo, publicada pela revista Veja da semana passada. Qual seja, a de que o eleitorado vota pela satisfação imediata das suas necessidades, fazendo pouco caso das questões políticas e éticas.
Duciomar Costa, apontado como falsário por todos os motivos que já foram citados, derrotou a senadora da república Ana Júlia Carepa, detentora de um histórico de lutas e sem nada em seu currículo que desabonasse sua carreira política. A senadora, no entanto, tinha contra ela, a ligação com o prefeito Edmilson Rodrigues, que já não estava satisfazendo o eleitorado.
Em 2006, mais uma vez o estudo foi corroborado.Agora, sem maiores explicações, a não ser a da mudança, Ana Júlia, que havia perdido o pleito municipal, vence o pleito estadual contra Almir Gabriel. O eleitorado queria mudança depois de 12 anos de tucanato, mesmo as pesquisas qualitativas indicando satisfação dos entrevistados com as administrações do PSDB.
A permanecer a tendência apontada pelo estudo, não será pelos desvios éticos que Duciomar será julgado nas urnas na próxima eleição. Isso só incomoda mesmo os intelectuais. Nem os políticos e nem a população parecem incomodados com o falsário.
rsrs... a provocação é ótima, e será levada à ribalta amanhã,devidamente comentada, pois hoje vou ver o meu time se clasificar para a semi final da Copa do Brasil.
Adianto-lhe, porém, que os estudos da Veja, que não li, parecem embasados nos modelos que incluem pressupostos derivados da teoria da escolha racional (racional choice) tão interessantes quanto limitados, como de resto qualquer modelo, fato demonstrado pelas eleições de 2006, que lhe exigiu outra "muleta" para explicar a discrepância...tsch tsch.
Isso acontece nas mehores teorias...rs
Também será interesante ouvirmos, na ribalta, os comentários sobre a assertiva que cliva os intelectuais do restante da sociedade, como se a boa fé e a moral pública precisassem de conhecimento acadêmico.
Enquanto "seu lobo" não vem, e virá amanhã, deixo-lhe tres interrogações:
1ª) qual a importância da distribuição universal da informação no colégio de eleitores?
2ª) Isso existe/existiu aqui?
3ª) Era só esse mesmo o histórico da governadora?
Até amanhã, e obrigado pela interesante provocação.
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