Outro membro da velha guarda da Portela, o jornalista Nélio Palheta, comparece na caixinha de comentários do post Houve Uma Tentativa, de hoje, com seu depoimento sobre os pontos de venda que abundam nas pocilgas da capital do estado.
Uma palinha:
A verdade é que não suportamos mais esse noticiário. Com todo o respeito que tenho pelos colegas de profissão e muitos amigos que estão nas redações, estamos comprando um “produto” ruim, um jornalismo que desconheço se é uma instrução superior na sua estratégia de vender mais jornal ou se é uma decisão involuntária (nada é involuntário numa redação) das editorias – sejam cadáveres ou bundas o material que fechará páginas e páginas.
Na íntegra aqui. (role a barra de rolagem)
2 comentários:
Em meio aos comentários dos colegas, observei citações a Barbero, W. Benjamin. Mas, no caso das capas de jornal ensanguentadas, e da bizarra abordagem policial dos três jornais diários paraenses, talvez seja ainda mais pertinente citar Danilo Angrimani e o irônico livro Espreme que sai sangue.
Há muito que as páginas policiais dos três jornais sucumbiram ao sensacionalismo. E, depois do acidente de trânsito ocorrido no domingo, os diários deram a prova de que Andrimani estava certo. As páginas policiais, na verdade, são um retrato da miséria social e suas conseqüências.
O autor nos lembra que, quem sai nas páginas policiais são personagens específicos, que não costumam sair em outra seção do jornal. Embora a primeira imagem do acidente tenha saído no caderno policial, as fotos das vítimas foram para o Cidade/Atualidades.
Os "jornalistas" são culpados pela falta de bom senso, a empresa é culpada por não fazer questão de seguir o menor padrão ético, o poder institucionalizado é culpado por não impor regras. Ou, pelo menos, cobrar adequações.
Bizarrice vende. Não é convenção. Desde os primórdios jornalísticos, no Iluminismo, que o grotesco é notícia. Cabe às empresas, aos profissionais, ao estado e, principalmente, aos que "pensam" o jornalismo (na academia) tentar mudar isso.
Isso também soa utópico...
Pergunto-me o que vende? Quanto vendem os jornalões? Será que vendem expressivamente?
As recorrentes crises, seja por descredenciamento de uns do IVC, seja pela recusa de outros em publicar os índices de sua vendagem, nos deixam uma severa dúvida sobre quem compra e o que se compra na imprensa paraense.
Dizer que os jornais precisam de páginas ensanguentadas para garantir suas tiragens, neste cenário, é ser no mínimo impressionista. Um fato que podemos detectar objetivamente é que as páginas policiais dos jornais localizados atrás do bosque aumentaram em quantidade desde janeiro de 2007, ajudando a fazer com que a insegurança saísse do campo das idéias para o mundo "real".
Outra observação objetiva é o mau gosto das combinações sexo x violência estampada na primeira página do irmão menor. Na edição de hoje, tr~es cadáveres sendo colocados em uma caminhotes em meio aos seios de uma gostosa. Na de ontem, enquanto um cidadão vai preso sob a manchete de baleamento de uma criança, uma outra "funkeira" parece estar ca***** sobre a cabeça dos personagens da foto.
Talvez seja esta realmente a intenção dos proprietários das pocilgas paraoras, estão ca***** e andando para o cidadão, para o mercado publicitário, para a sociedade, e para quem mais se incomodar. Afinal, o que vale mesmo é o lucro daqueles que, ao fim e ao cabo, fazem a sociedade paraense refém da desinformação.
Eu Mesmo
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