15.1.09

OAB Não Foi Omissa

Da advogada e presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, Mary Cohen, o blog recebe o comentário abaixo, inserido no post A Primeira Sessão da Pedofilia, de ontem.

Passei por aqui e penso ser necessário esclarecer a participação da OAB/PA com relação às denúncias da exploração sexual contra crianças e adolescentes na região do Marajó.
Veja bem, desde 2006, quando o Ophir Júnior recebeu as primeiras denúncias, fui destacada para acompanhar as audiências públicas, tendo viajado para a região por diversas vezes, onde tomamos vários os depoimentos.
Acompanhada do Promotor de Justiça Aldir Viana, fizemos um levantamento da situação, o que gerou um relatório e pedido de providencias por parte daquele promotor.
Após, a Ordem solicitou proteção para as adolescentes ameaçadas e suas famílias no PROVITA, além de fornecer ajuda às mesmas até a proteção ser garantida.Todo esse trabalho estava sendo acompanhado pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, sendo que cheguei a viajar até Brasília em busca de ajuda e lá conversei com o deputado Luiz Eduardo Greenhalgh, à época presidente da comissão, para viabilizarmos uma parceria com a OAB/PA.
Aqui, acompanhamos o trabalho de Amarildo Geraldo Formentini, assessor da comissão, morto tragicamente em dezembro de 2007. Amarildo apurava as denúncias hoje levadas à CPI por Dom José e nesse trabalho tínhamos reuniões constantes, não somente aqui mas em Brasília, para analisar o material colhido e preparar relatórios.
Os casos que chegaram até nós estão a nível do judiciário, infelizmente sem a resposta que a sociedade quer e merece...os motivos todos sabemos, infelizmente.
Se hoje temos uma CPI, que vamos acompanhar incansavelmente, é porque todos trabalhamos, inclusive o deputado Bordalo e a ex-deputada Aracely Lemos.
Portanto, fica o esclarecimento, até porque penso que o jornalista ou qualquer profissional de comunicação, deve ter o compromisso com a verdade dos fatos e declarações de que a OAB ficou só nas entrevistas demonstra, no mínimo, o desconhecimento do trabalho de uma equipe de profissionais que abre mão do lazer e muitas vezes até do trabalho remunerado, para dedicar-se aos direitos humanos, na busca de um mundo melhor para todos.

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Sobrou para o Poder Judiciário.
O blog, naturalmente, está aberto ao contraditório do Poder, querendo.
E as considerações do blog sobre o comentário da presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB estão, como de hábito, na caixinha do post A Primeira Sessão da CPI da Pedofilia.

14 comentários:

Franssinete Florenzano disse...

O próprio Dom José Luiz Azcona disse ontem na reunião da CPi (que deve ter sido gravada) que levou à OAB-PA as denúncias e que o então presidente, Ophir Cavalcante Jr., deu entrevista a O Liberal sobre o assunto e designou a Comissão de Direitos Humanos da Ordem para acompanhar as Audiências Públicas e demais desdobramentos. Mais do que isso, a Ordem não fez. Poderia, no mínimo, ter mantido o assunto em evidência, levá-lo em nível nacional à OAB e internacional, através dO Unicef, ONU, Anistia Internacional e tantas outras organizações que se empenham nessas questão. Ou ainda, quem sabe, acionar o governo do Estado para cumprir a obrigação de fazer.

Anônimo disse...

Em termos práticos, o que mesmo a Ordem fêz ?

blog do bacana-marcelo marques disse...

A verdade é que se fez, fez pouco. Um caso como este, tem de ter repercussão nacional, tem de ter a OAB nacional envolvida, tem de chegar a esferas maiores de divulgação, não só aqui nos blogs. É um absurdo que gente, meninos e meninas, dêem seu corpo por um litro de óleo. Isso deveria ser maior que partidos, líderes políticos, que tudo.
Pedofilia é o mais repugnante dos desvios humanos e o que vejo é que todos nós ficamos muito no blábláblá e não tomamos uma atitude.
A CPI da pedofilia tem a obrigação de passar a limpo tudo isso. E nós a obrigação de cobrar que assim seja.

Anônimo disse...

Juca, tenho a impressão que existe uma pequena diferença entre o que a Dra. Cohen cita como ações individuais, e ai não podemos desmerecer a biografia dela neste campo, e o que a gestão da OAB fez... Há que se perceber a tênue diferença...

Franssinete Florenzano disse...

Marcelo, você tocou num ponto importante: atitude. Atitude que todos nós devemos ter, como cidadãos, fazer tudo e sempre o máximo que estiver ao nosso alcance para dar um basta a essa situação vergonhosa.
Anônimo das 8:09 AM, você também foi muito feliz ao lembrar que não se está tratando de ações individuais e sim da obrigação da OAB-PA. Muitas pessoas, lamentavelmente, confundem-se com as instituições.

Anônimo disse...

OAB, que OAB, com ressalva da Dra. Mary Cohen, a OAB/PA ainda não mostrou a que veio.
Poderia a OAB começar a divulgar e nominar os advogados que sofrem processo e qual a razão.

Anônimo disse...

A dra. Mary Cohen escreve muito bem. É!

blog do bacana-marcelo marques disse...

É Franssinete, é uma vergonha tão grande que fico até corado de escrever sobre o assunto, me dá nojo.

Franssinete Florenzano disse...

Eu senti nojo, vergonha, indignação. Principalmente porque sou mãe. O relato de Dom José Azcona Hermoso foi arrepiante, e olhem que ele não contou tudo em público, reservou as partes mais dramáticas para o encontro reservado com os membros da CPI da Pedofilia. Dói saber que há tanta miséria humana, tanto sofrimento, que tem sido ignorado solenemente há anos. Também lembrei muito dos que morreram por denunciar criminosos, como foi o caso dos ex-deputados Paulo Fonteles e João Batista. É preciso garantir a vida do bispo do Marajó, sua coragem atrai a ira de criminosos muito poderosos. Ele mesmo disse, de forma tranquila, com imensa coragem, que intui sua morte próxima e violenta. Será possível que continuaremos a assistir a saga de heróis mortos?

Anônimo disse...

A Mary Cohen se empenhou pra caramba nessa história. Dizer que nada foi feito é uma trmenda injustiça, principalmente partindo de alguém que perdeu as últimas duas eleições na OAB e agora, talvez por isso não consiga fazer uma crítica isenta e inteligente.
Ora ora, dizer que as pessoas “infelizmente se confudem com as instituições” é passar um atestado de desconhecimento da história e seus desdobramentos sociológicos...vá encher água no paneiro. A Mary Cohen hoje é a cara da OAB, e essa instituição, graças ao trabalho dela, tem hoje a cara da defesa dos direitos humanos. Já os integrantes advogados, como a que critica, são outros quinhentos. Essa é a verdade verdadeira. Felizmente não sou advogado.
Continua assim Mary Cohen, eu fico orgulhoso de ver uma paraoara simpática, inteligente e muito feminina dizendo verdades que muito homem não tem coragem de dizer.
E mais, sou de Oriximiná e ela é de Santarém...rsrsrsrs

Pedro Castro

Anônimo disse...

Oi,
As criticas, justas ou não, ácidas ou não, fazem parte da trajetória de qualquer pessoa que abdica do anonimato e do comodismo para deixar de ser estilingue e passar a ser vidraça. Tenho plena consciência disso e não fico nem um pouco incomodada.
Quero dizer ao Pedro, que acho mesmo que faço bem menos do que deveria fazer. Sempre acho que deveria, cada dia, fazer mais e mais.
Uma coisa é certa, todo o trabalho, que é muito pouco diante do que esperam de uma comissão de direitos humanos, somente é possível porque a OAB adotou, tanto no nível estadual quanto nacional, uma política voltada para a defesa da cidadania.
Esse trabalho, se hoje é a cara da Ordem, deve-se não somente a mim, aliás deve muito pouco a mim e muito mais aos outros integrantes da comissão, que através do seu trabalho, formam parcerias fantásticas com a CDH, fazendo com que nossos braços cheguem à sociedade de modo mais eficaz.
Mas tudo ainda é muito pouco. Precisamos avançar mais. Por exemplo, no caso da exploração sexual contra crianças e adolescentes, poderíamos ter feito mais, acontece que somos poucos para dar conta de tudo e acabamos priorizando o apoio às investigações, para não transformar as denuncias em um tiro na água. Priorizamos a acolhida, discreta, das famílias que tinham que ficar escondidas em Belém enquanto aguardavam o processo no PROVITA. Ficamos sem pernas para deixar o evento na mídia, por exemplo. Pode ter sido um erro, mas as escolhas precisavam ser feitas e isso nem sempre significa que foram as mais acertadas.
Poderia ter feito muito mais, mas ainda tínhamos que atender outras demandas, em especial nos pólos que elegemos quando premiamos anualmente um defensor e onde ocorrem graves violações dos direitos humanos.
Uma coisa é certa: grande injustiça é afirmar que a OAB é omissa. Todos os colegas integrantes da CDH fazem parte da Ordem (Celina Hamoy no CEDECA, Elcia Bethania no Xingu, José Batista em Marabá, Valena Jacob, Cristina Carvalho, por exemplo), são advogados , defensores dos direitos humanos e honram a instituição. Além disso, as pessoas passam e as instituições ficam e não é justo jogar lama na Ordem porque lá não estão os candidatos preferidos de A ou B.
Por último, concordo em parte com o Pedro quando diz que não pode deixar de associar instituições com pessoas, pois estas são partes daquela, só que muito maior, embora seja um equívoco pensar a instituição como mera ficção, como se fosse possível a OAB fazer alguma coisa sem a Mary ou a Celina (por exemplo) trabalharem para isso.
Agora vou voltar para o trabalho, esperando que o debate seja de alto nível.
Mary

Franssinete Florenzano disse...

Sr. Pedro Castro, não julgue os outros por si. Eu não faço nem nunca fiz parte de qualquer "panelinha", menos ainda com relação à OAB. Você demonstra não conseguir sair do palanque, o que é no mínimo lamentável. E pior ainda que sequer é advogado, por isso não sabe nem como funcionam as coisas lá.
Pois fique sabendo que o secretário-geral da OAB-PA e que volta e meia assume interinamente a Ordem é o Dr. Eudiracy Silva, cujo curriculum brilhante fala por si e que é pessoa por quem tenho grande afeto. Jamais moveria um músculo para atingi-lo, até porque, sendo boníssimo, além de competente, inteligente, culto (está a anos luz de sua grosseria), só merece gestos compatíveis com seu exemplo de vida. Como o Dr. Eudiracy, há muitos profissionais competentes atuando na OAB-PA, que não enumero porque aí, sim, correria o risco de omitir injustamente o nome de alguém.
Digo isto para que entendam, de uma vez por todas, que eu não estou interessada em fazer política, muito menos em "bater" em pessoas.
Repito: foi o próprio bispo do Marajó quem destacou o pedido de ajuda que fez à OAB-PA e o que foi feito. Está lá na Assembléia Legislativa, gravado. Peça a gravação, as notas traquigráficas, antes de escrever sobre o que não tem conhecimento.
Mais: se você tem antipatia por mim, sem me conhecer, certamente é gratuita. Ora, Pedro, o que foi que não fiz pra você? Me poupe!

Franssinete Florenzano disse...

Ah, sim, esqueci de dizer para quem me ataca e não tem coragem de se dirigir a mim, pelo meu nome: quem joga lama na Ordem é exatamente quem assumiu compromisso em defesa da sociedade e não o cumpre. Mais: não tenho nem nunca tive esse ranço de "pertencer" a determinados grupos de candidatos.
Assim, para esclarecer quem fala do que não sabe, eu trabalhei pela candidatura à presidência da OAB-PA do Dr. Francisco Mileo - com quem tenho relações afetivas de família, chapa em cuja diretoria pontificava Ophir Cavalcante Jr., assim como trabalhei para a chapa do Dr. Reinaldo Silveira, em que brilhavam candidatos como o Dr. Jorge Alex Athias, por exemplo, por quem tenho grande admiração, e integrei a chapa de Daniel Lavareda. Para quem conhece a OAB-PA, sabe muito bem que isso é a maior prova de que não me incluo nessa malevolência de criticar por preferir o candidato A ou B. Inclusive pelo meu posicionamento na última eleição para desembargador, pelo Quinto Consdtitucional.
Instituições são instituições, pessoas são pessoas, não adianta querer confundir. As pessoas, aliás, como se disse aqui, passarão. Apesar do ego de muitas e da ética ser virtude rara.

Unknown disse...

Pedro, camarada, lamento mas não vou publicar seu comentário.
Se vc reclama pela elevação do nível do debate, que a dra. Mary - como sempre - não abre mão, é melhor ficarmos por aqui.
Tenho certeza que vc entenderá.
Obrigado e um abs.