Do publicitário Orly Bezerra, em comentário ao post Galeria dos Horrores, de ontem.
Pôxa, Juca, lendo esses comentários sobre essa questão das páginas policiais dos nossos jornais, a essa hora da noite, depois de um dia muito pesado por conta das campanhas, me veio à lembrança um episódio acontecido no saudoso Estado do Pará, que fez época no final dos anos 70. Vou tentar ser fiel ao ocorrido, mas, por favor, me perdoem os contempladores se houver alguma falha de memória.
Fazíamos parte de uma redação muito jovem, outros nem tanto: eu, Ronaldo Brasiliense, Carlos Queiroz, Luís Otávio Barata, Afonso Klautau, Natsuo, Raimundo Pinto, Jaime Beviláqua, Carlos Mendes, Ana Célia Pinheiro, Ruth Rendeiro, Beth Mendes, Rosaly Brito, Rosa Leal e mais, e mais, e mais. Aí surge uma idéia genial: mudar radicalmente o noticiário de policia do jornal, que passaria a ter um aproveitamento jornalístico normal.
A diagramação seria sóbria, sem títulos em letras garrafais; o número de páginas reduziria de quatro para duas ou uma; deixaria de ocupar o espaço nobre de contra-capa; a redação das matérias seria criteriosa, pondo fim ao tradicional repórter de polícia; e por aí iam as recomendações.
E a mais importante: quando houvesse um crime qualquer ou mesmo um roubo por mais escabroso que fosse, o tratamento dado ao autor era de acusado e nunca de criminoso, bandido ou ladrão. A não ser quando houvesse a condenação pela justiça. E o repórter ainda recebia uma orientação da pauta: descobrir o endereço do acusado e fazer um perfil da situação familiar, a condição social, o que teria levado a pessoa àquela situação. Ou seja: a causa social originária daquele problema policial.
À frente, o jornalista Jaime Beviláquua, que editava economia, mas pelo seu perfil, sensibilidade e cultura, encaixava como uma luva nesse novo projeto.Era ou não era uma proposta muito bacana para o jornalismo policial?
Pois bem: no terceiro dia dessa nova fase de jornalismo policial, adentra na redação, logo cedo, o chefe da baderna, o responsável pela distribuição do jornal entre os jornaleiros, esbaforido, muito zangado mesmo, com uma pilha de jornal encalhado e grita bem alto: - o que eu faço com essa porra aqui?
Eu era ao chefe de reportagem e estava naquele momento complicado de fechar a pauta do dia. Fiquei sem entender direito qual era o problema. Ele continuou me olhando com os olhos bem arregalados, semblante de quem tinha passado a noite sem dormir, e com as mãos fixas na mesa sentenciou: - ou vocês mudam essa página de polícia para voltar como era antes, ou não pego mais nenhum jornal pra vender na rua!
Infelizmente, no outro dia, o Gouveão, repórter policial que fez escola, voltou a sorrir com àquelas páginas terríveis. E o Beviláqua voltou para a economia. E a redação viu seu sonho de verão passar feito um vulcão.
Não sei se essa história dá pra rir ou pra chorar.
Mas acho que deveríamos ter enfrentado o baderneiro...
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Pra quem não quiser ir tão longe no tempo basta ler os principais jornais do sul do país, que há muito deixaram pra trás a prática nefasta de expor cadáveres nas edições de polícia. Mas cada jornal dá o que tem, e O Liberal não é diferente.
Na edição de hoje, 30, o número de imagens de arquivo de instituto médico legal caiu de 9 para 3 - uma delas com 4 corpos - o que garante a permanência do odor de clorofórmio na pocilga.
Na edição de ontem da pocilga concorrente, o Diário do Pará - antecipando-se às críticas da jornalista Dedé Mesquita - eram 5 fotos. Hoje são 2. Na primeira, o close de um braço calcinado e na outra, o tronco da mesma vítima.
No rodapé da página desta última foto, um anúncio com imagens de espetos de churrasco de um restaurante desavisado.
Bom apetite.
28 comentários:
O comportamento da imprensa nas páginas policiais é de total desrespeito pela condição humana. Um açougue de carnes e os magarefes têm mais respeito pelo que expõem e vendem.
Quanto as mudanças apontadas nos jornais do sul, elas refletem uma evolução cultural tanto dos donos de jornais e jornalistas, quanto de quem lê jornais.
Mas, quem se habilita fazê-lo entre nós?
Entre aqueles que têm o equilíbrio financeiro dependente do consumo das classes D e E (sempre ávidos por uma desgraça maior, que lhes permita suportar a adversidade), do comércio de palatáveis manchetes a políticos e governantes, ou o contrário, o interesse por mudar culturas se limita no máximo a inovar na diagramação das páginas. Daí porque o esporro do capataz de jornaleiros, irritado com a sobra de alguns cadernos, pode ser a última palavra.
Olá, cumpadi. Bem vindo.
Abs
Juca, lendo ao Orly, me veio Jesús Martín-Barbero, em Dos Meios às Mediações. Em determinado ponto, ele relata que, para a razão ilustrada a experiência é o obscuro, o cosntituvamente opaco, o impensável. E, ao falar de Benjamin, diz que para este, pelo contrário, pensar a experiência é o modo de aceder ao que irrompe na história com as massas e a técnica. "Não se pode entender o que passa culturalmente nas massas sem atender a sua experiência. Pois a diferença do que passa na cultura culta, cuja chave está na obra, para aquela outra a chave se acha na percepção e no uso". Em seguida, Barbero, antes de comentar O Narrador, de Benjamin, publica um trecho desta obra: "O narrador toma o que narra da experiência, da própria ou da que lhe relataram. A sua vez, o converte em experiência dos que escutam sua história...". O exemplo dado pelo Orly me remete à identidade. Gostemos ou não, quem compra e lê as páginas policiais, de alguma forma, se identifica: seja por prazer mórbido (rs..), dever de ofício, ou porque experimentou o que elas relatam, na própria pele, através de algum conhecido ou simplesmente porque vive neste país assolado por situações de violência. Com certeza, tahi uma ocasião bacana para se falar do papel dos meios e dos que o fazem nos dias atuais. Aproveito para dizer que eu não crucificaria, de todo, a imprensa. Claudia Aguilla
Olá, Claudia.
Belas lembranças, dos textos citados. Quem sabe fossem lidos e absorvidos pelos que decidem por este tipo de edição criminosa do crime...
E não se cruxifica a imprensa "como um todo" ( o que seria isso? ) senão o comando empresarial baseado na lucratividade em nome da chancela da ignorância.
É, querido, em nome da chancela da perpetuação da ignorância. Como se fosse escolha gostar de achar sangue nas páginas policiais.
Como lembra Oliver, é preciso desgraça maior que a minha. para que a que me atormenta seja suportável.
Beijão.
CADÁVER & BUNDA
Como o Orly desbastou a angústia, e os brios feridos de ontem sobre noticiário policial, e deu a deixa para histórias de experiências nas redações, aqui vai a minha, só par não ficar de fora da questão, sem pretender dar lição para ninguém, contudo.
Quando saí da TV Liberal para ao Jornal (1979) Cláudio Sá Leal perguntou-me:
- Gostas de Polícia?
Gelei! Ou ele quer me fazer repórter policial ou editor - pensei.
Fez-me editor. Com uma recomendação:
- Reescreve todas as matérias de polícia.
E reescrevi. Ganhei de cara a inimizade da dupla dos irmãos Gouvêa, o Ítalo ainda está no batente. Mas ficamos amigos depois.
Tentei tirar os apelidos para humanizar a identidade dos presos, ou acusados. Depois descobrir que até terrorista tem apelido. Exigi critérios e citação de fontes, principalmente sobre a causa mortis - todos os atropelados morriam de "traumatismo craniano". Enlouqueci a dupla ao exigir o nome do médico ou do legista que atestara a causa da morte.
Tentei cumprir as ordens de C. Leal integralmente, mas era impossível um editor só reescrever material para duas ou 4 páginas. E aí, certamente, muitas vítimas do trânsito morreram de traumatismo craniano.
Da ordem do Leal não constava nada de especial sobre fotografias. Usei o senso crítico: nunca publiquei foto de cadáver. Isso garanto. Para ser correto, publiquei uma só, do próprio Ítalo. Paradoxalmente, uma foto bonita. De cadáver? Porque não? Um suicídio; o corpo estendido no saguão do prédio, emoldurado pelas colunas da garagem do edifício, em contraluz; entre as colunas negras, um volume branco e duas velas. Nenhum sangue escorrendo; nada de pescoço sem cabeça ou faca fincada no olho; corpo carbonizado ou preso sobre os rodados do caminhão ou ainda bandido baleado, morto e entalado entre duas casas da periferia por onde tentou fugir. Quando a Recapagem Líder explodiu ali atrás da Unama, na Pedreira, Ítalo fez a foto de um buraco no muro por onde o corpo de um operário atravessara feito um torpedo. Ficaram no buraco pequenos sinais de uma morte violenta. Nada mais do que isso.
Diferente da história do Orly, nunca soube que a venda de O Liberal tivesse despencado. Muito pelo contrário. O editor de Polícia do jornal onde ele trabalhava, o "Pena Branca", queria me conhecer porque ele estava "comendo uma pupunha" com a concorrência da minha edição. Foi um encontro no Bar do Parque, depois do fechamento, é claro.
O folclore que talvez tenha me engolido em muitas situações: o fechamento de duas páginas no sábado à tarde estava difícil. Gouveião de plantão. Cobrei uma varredura nas delegacias, por telefone. Logo depois, cinco matérias na minha mesa. Uma delas narrava uma colisão de um fusca com um caminhão no Telégrafo. O motor do fusca - descreveu o repórter - fora projetado a 100 metros do local da batida.
- Gouveia, esse fusca colidiu com um caminhão ou com um torpedo do exército americano?
O velho e bom repórter caiu na gargalhada:
- O chefinho não queria matéria?
O safado havia inventado todas as matérias. Fechei com telex das agências e fomos para o Bar do Parque.
Voltando aos tempos atuais, a polêmica aberta ontem tem outra variante. Passa dos corpos dilacerados para os das muitas saradas mulheres bundudas, peitudadas, silconizadas - midiáticas então - que "pontilham" nas capas dos jornais. Nada contra as mulheres! Hoje tem uma.
Mas me pergunto como leitor diferenciado:
- Qual é a notícia que contém a foto de tal sobrinha da Gretchen, a dançarina - ou qualquer coisa que essa mulher seja?
Bunda é notícia? Perdoem-me a pergunta.
Talvez eu esteja desatualizado sobre o que é e o que não é notícia. Sobre o que vende e o que não vende jornal nestes tempos de comunicação intensiva, de jornalismo-show; de consumo midiático fast - seja de materiais impressas, eletrônicas. Em jornais ou blogs, orkuts ou googles.
Acho, também, que há um excesso de noticiário policial. É muito vago o conceito de que o noticiário reflete a realidade da sociedade.
Se existe violência e crime, publiquemos mais violência e crime porque é isso que o povo gosta! Quem disse isso? Onde está a pesquisa que revela essa pretensa revelação sociológica, antropológica, midiática? Desculpem minha falta de domínio acadêmico suficiente para enfrentar a polêmica.
A verdade é que não suportamos mais esse noticiário. Com todo o respeito que tenho pelos colegas de profissão e muitos amigos que estão nas redações, estamos comprando um “produto” ruim, um jornalismo que desconheço se é uma instrução superior na sua estratégia de vender mais jornal ou se é uma decisão involuntária (nada é involuntário numa redação) das editorias – sejam cadáveres ou bundas o material que fechará páginas e páginas.
Acho que o debate com cara de bate-boca na internet não leva a nada. Acho que a Academia deveria assumir um debate produtivo e menos estéril; mais ético e menos apaixonado. Algo que desse um novo norte para quem está saindo da Universidade e sinalizasse para as redações que alguma coisa em que me mudar.
Sou obrigado a comprar os jornais como cidadão e como jornalista, mas nada me obriga consumir essa torrente de sangue que jorra das rotativas. Descarto os cadernos como protesto involuntário diante do noticiário escabroso e desumano. Sinto-me obrigado a comprar, no supermercado, dois produtos com componentes ruins entre dois produtos com componentes ruins.
Não compareço aqui para ofender nenhum companheiro, mas para expor o que deve ser produto de reflexão capaz de oferecer um novo rumo para a cobertura policial, já que é indispensável.
Nélio Palheta
Dá até vontade de fazer uma estatística entre as duas pocilgas, a de quantos cadaveres expõem diariamente! Uma concorrência ao gosto de gente com o pensamento do Dr Hannibal Lecter.
Pior é quando na reportagem, eles se metem a descrever o que se vê! "Aquilo alí são as visceras, mais a cima massa cefálica...".
São tão parecidas as duas redações que até as doenças são comuns!
Eu tenho quase certeza que a churrascaria que faz propaganda no pé da página, o faz propositadamente. Nada de dasavisada, infelizmente.
ak diz
Vamos colocar os
pingos nos iis ou as gotas nos sangues.
01 - O citado Jesus Martim Barbero, junto com Nestor Canclini, jogaram na Teoria da Comunicação, o conceito de "mediação" que, sem academicismo, significava que aos Meios de Comunicação de Massa, cabia o papel de "mediar", equilibrar a relação entre emissão e recepção, não da forma sistematizada como queria McLuhan nem da forma apocalíptica como queria a Escola de Frankfurt com seus Benjamin, Adorno, Horkheimer, etc.
Lembram da "aldeia global" do McLuhan, por muito tempo até ridicularizada, a dos "Apocalípticos e Integrados", do Umberto Eco? Olha lá a Internet, diga lá meu irmão.
A mediação parte dos fatos que fazem o cotidiano dos povos a partir de uma leitura nem apocalíptica nem integrada.
No mínimo sensata, "mediada". Gramsci, no seu "Intelectuais e Organização da Cultura" já mostrava que a parte mais lida pelos trabalhadores, nos jornais italianos, eram os folhetins, as novelas da época.
Dois: sem querer defender o Liberal - acho o caderno deles de Polícia uma afronta à cidadania - não vi nove cadáveres na capa. Vi um cadáver e oito 3x4 de pessoas mortas em acidente de carro no fim de semana mais movimentado do ano nas estradas paraenses. Com um detalhe que nenhum jornalista de muundo deixaria de se interessar: no carro que explodiu, havia cinco mulheres jovens e lindas, que morreram. E um mistério: existe um motorista imprudente que causou a morte de todos e sumiu nas estradas ? Não me venham dizer que isso não merece destaque em qualquer jornal do mundo.
Tres : eu era o Diretor de Redação do Estado do Pará na época em que tentamos mudar o perfil do noticiário jornalístico. Pulamos da água pro vinagre. No lugar das matérias sobre crimes, introduzimos matérias sobre corrupção policial escritas de forma burocrática, com reproduções de documentos que nem davam pra ler. Ficou um horror..
Não, Orly, fizemos bem em ouvir o baderneiro.
Afonso Klautau
ps: como está hoje o noticiário policial, não dá pra aguentar. Mas, o que tentamos fazer, também não dava.
Ei, Juca, o restaurante não é desavisado. Lembro que me preparava para o vestibular (para o curso de comunicação), quando já me chamava atenção que um restaurante anunciasse na página policial, logo abaixo das fotos dos corpos. Se não estou fazendo confusão, na época, era o Gauchão.
Na boa, não acho apenas que cada jornal ofereça o que tem. Cada sociedade expõe e mostra o que tem. E consome o que quer. Viva a carne o Gauchão!(?)
Olá,Ak.
Um reparo: o post Galeria dos Horrores afirma que há 9 fotos de no caderno de Polícia, e não na capa. No post também não há menção aos 3x4 das vítimas do acidente.
E torço para que haja uma mediação, no sentido institucional do termo, que ponha um termo na questão.
Abs pra vc, meu caro.
Juca, estava me referindo a contextualização dos fatos que, às vezes, falta: da imprensa, de quem critica, enfim... Beijos e parabéns, uma vez mais, pelo blog. Claudia
Certo, Claudia, e obrigado.
O blog somos todos nos. Fico muito orgulhoso de receber tantos e tão bons jornalistas aqui no Quinta, honra que, tenho certeza, divido com nossos leitores não jornalistas.
Bjs pra vc também.
Li a notícia sobre o Charles e agora estou lendo aqui o Nélio Palheta e o Orli Bezerra.
Tucanos e petistas fora do poder ficam sempre muito serenos e críticos. Interessante!
rsrs...quem sabe se isto não vale para todos os que estão fora do poder, e o inverso para quem está no poder?
Caro AK, sem entrar no mérito dos fragmentos expostos por você, creio que precise reler suas referências quanto à categoria da mediação, principalmente a citada em GRAMSCI. O Blog é o maior exemplo. Ao selecionar os comentários, o responsável faz a mediação com os interlocutores. Sem essa necessária decuragem não há contradições e morre o princípio da dialética, pelo fato da matéria-bruta ser exposta sem critérios. A prudência é a mediação da verdade nua e crua, parodiando-se aqui a antiga fábula grega. Por isso têm razão os ingleses: certeza só a morte e os impostos.
Juvêncio.
Numa pausa da campanha para o cargo de vereador de Belém, leio o blog e encontro esse debate com grandes jornalistas, bate uma saudade dos tempos em que comecei a participar da política sindical. Na época, no sindicato dos gráficos, nossa relação era com o grupo de oposição sindical dos jornalistas, parte já citada pelo Orly acrescentando ainda a turma da redação do Resistência e muitos outros do curso de comunicação como a Ana Petrucelli e uma quase jornalista, a socióloga Páscoa Costa e Silva.
Nosso sonho era fazer um sindicato dos trabalhadores em comunicação, chegamos a fazer uma greve conjunta, foi um sucesso. Fizemos o jornal da primeira greve geral comandada pela CUT. Que tempo heim!
As redações sofriam as pressões desse grupo de ativistas e o produto jornalístico final era bem melhor. E olha que ainda tinha censura!
Juca parabéns por servir de canal para um bom debate. Continuem todos aqui, discutindo e tentando influenciar nas redações, vale a pena.
POLÍTICA & JORNALISMO
Estão querendo meter política no assunto exclusivo de jornalismo. O que tem a ver com o noticiário policial petistas e tucanos, além da viol6encia que afeta a vida das cidades brasileiras de tempos? Ninguém falou de política nessa questão de noticiário policial para que apreça um engraçadinho tentando desviar o rumo da prosa, que por sinal está muito boa, honesta e construtiva.
Nélio Palheta
Vizinho,
há pouco tempo, pessoa da direção de um dos jornais me garantiu que os baderneiros exigem esse sangue todo. Realmente, seria um absurdo continuar com a prática, tendo em vista apenas o resmungo de alguns, sem resultado prático ou pesquisado. Mas também penso que, os jornais vendem cada vez menos. Há quem compre por interesse em ler as notícias, artigos, se informar. Esses, rareando. Outros, motivados por esse abismo imenso cultural, talvez paguem para ter acesso às fotos estúpidas. Infelizmente, a maioria está entre os de menor poder aquisitivo. No Ver o Peso, por exemplo, ficam em grupos, ali, lendo, gozando as cenas, joking, até sem comprar. Será que isso dá resultado?
Para mim, um absurdo.
Edyr Augusto
Olá, meu querido vizinho.
Nunca imaginei, até o comentário do Orly e esta sua colaboração, que os baderneiros desempenhasem papel tão importante nesta questão. Papelão, aliás.
Gostaria de saber, a propósito, quanto a venda nas ruas significa na receita dos jornais.
Em princípio não me parece que este percentual seja tão decisivo quanto a pressão dos draculinos das ruas sobre a definição da linha editorial dos jornais.
Abs
É a esbórnia, meu caro Edyr! E entre nós, aqui, teorizamos sobre o que sobra. Marx não combina com tucupí?
Realmente esta terra tem burros. Mas isso não nos impede de falar de bundas e cadáveres.
Só que nessa discussão, comentários bundas da cadáveres burros não entram....rs
Crégua - Como exclamaria a Natal Silva! Rsrsrsrsrs.
rsrs...tb me divirto, doutor.
É cada bunda que aparece...
Juvêncio,
Ler o post e os comentários é como uma aula de jornalismo prático, de quem conhece redação e sabe desses bastidores, histórias e decisões. Hoje vi a tal foto, antes apenas havia lido a matéria. De fato, isso já vêm acontecendo há um bom tempo - quem não se lembra do cadáver com buracos na genitália na mata da Ceasa - entre outros 'n' casos. Agora, um monte de 'conhecidos que conheciam' as moças dizem que as famílias devem processar os jornais e tudo mais. Isso reacende aquela discussão de se ter um conselho de jornalismo ou algo regulador. Mas aí fere a liberdade de imprensa. E até onde vai a liberdade do jornalista dentro de uma redação, seja para publicar algo ou para não colocar algo? Ali no Portal cheguei a receber fotos de um policial que entrou naquele elevador em que caíram - se não me falha a memória - dois ou três operários, no bairro do Umarizal. Fotos horríveis e que não informavam por si só, precisavam de uma descrição como comentaram acima - ali é o braço, adiante preso ao cabo, uma perna, e por aí vai. Lembro que mostrei pra Tathy Fleury, então editora e ela 'credo, apaga isso'. E usamos uma foto feita na rua, com a aglomeração de curiosos na saida dos corpos - cobertos - levados pela equipe do IML. Por isso, acho que culpar a Imprensa é um tanto perigoso. Não sabemos exatamente o que foi discutido ou não discutido. Acho sim que jornalistas experientes, ligados ao sindicato, podem ajudar nisso de forma mais efetiva...até mesmo com curso ou outro formato. Uma forma de orientação e não controle. Isso, antes que outros inventem de fazê-lo.
Grande abraço,
Daniel Nardin
Oi Daniel, bem vindo ao Quinta.
O Termo de Ajuste de Conduta, instrumento de mediação consagrado na sociedade, não é uma forma de cercear a liberdade de imprensa, que, aliás, não é o que está em questão nesse caso.
O que se discute aqui é a utilização canalha de artifícios de venda, não de informação, como vc bem mostrou na substituição de fotos no caso em que vc citou, onde a informação dos leitores ficou garantida sem a exibição da "gouveice", doença que persiste nas redações das pocilgas locais. Locais, veja bem, pois essa discussão acabou no centro sul.
Foi vencida.
E não houve desemprego ou queda nas vendas por causa disso.
Não tenha receio em criticar a imprensa, senão o contrário.
Não podemos confundir liberdade de imprensa com a escolha fácil dos caminhos que, estes sim, a fragilizam, posto que a reduzem à mera representação do comércio em sua versão mais atrasada e danosa às relações de consumo.
É isto que estamos discutindo.
Tathy Fleury, grande figura, moça estudiosa e de caráter.
Daniel, grande prazer em tê-lo por aqui e um abs
Entendo, claro. E sem confusões... Disse por conta que já ouvi rebaterem nesse sentido, o que de fato, concordo contigo, não tem nada a ver uma coisa com outra. Grande abs!
Daniel
Oi Daniel, não creio que o problema seja falta de (in)formação dos jornalistas menos experientes, como tu sugeres. Esses anúncios de açougue que são as páginas policiais daqui são uma instituição, é linha editorial. Podemos fazer cursos e cursos, mas enquanto essa linha não mudar (e isso quem determina são os manda-chuvas) vamos continuar vendo esse tipo de coisa. Não tenho opinião formada sobre uma solução. abraços
Alan Araguaia
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