26.6.08

O Tião e o Sonho

Do advogado, jornalista, poeta e talvez candidato a vereador ( pelo PT) Ademir Braz, em comentário ao post Anunciado, de ontem.


Se o ungido é Salame Neto, significa que Tião, encrencado, envereda por um certo viés histórico existente na Terra Mesopotâmica do Sol.
Para não ir muito longe: no início dos anos 70, o prefeito Pedro Marinho de Oliveira quis eleger deputado estadual Elmano de Moura Melo, ex-prefeito pro-tempore, e deu Plínio Pinheiro.
Este, para assegurar a sucessão municipal, convenceu o ex-governador Aloysio Chaves a nomear o engenheiro sanitaris Haroldo Bezerra, que veio do Acre, ocupou o cargo, e depois elegeu-se deputado federal, defenestrando Plinio Pinheiro.
Finda, em 1985, a sucessão dos interventores, democraticamente a população elegeu o professor Hamilton Bezerra, que no pleito seguinte teve seu candidato derrotado pela oligarquia representada por Nagib Mutran Neto.
Cassado às vésperas do término do seu mandato em 1992, a cidade elegeu Haroldo Bezerra e a história política local tomou rumos surpreendentes. Sem um nome, dentre os seus chegados, confiável o bastante para ser lançado candidato a prefeito, Bezerra foi buscar no ostracismo ha quase vinte anos o médico Geraldo Veloso, contrariando seu então secretário de Obras, Tião Miranda, que queria ser o ungido.
Dando uma de bombeiro, Bezerra indicou Tião vice de Veloso, que foram eleitos, mas este jamais o perdoou: mordeu-lhe a mão na primeira enchança.
Deu-se que a seguir Tião abandonou Veloso, que nao lhe dava espaço, mas beneficiou-se com a morte do velhinho, concluindo seu mandato.
Reeleito sob circunstâncias suspeitas (que acabaram com a cassação do seu mandato, retomado após uma sequência inenarrável de tumultos) Tião esqueceu-se que o tempo passa, viria o processo sucessório, essas coisas, e apesar de cercado por acólitos e paus-mandados, principalmente na Câmara, chegou ao ponto de, por desconfiança ou convicção, não ter preparado ninguém para indicar ao pleito.
Isso, contudo, não o constrangeu de alimentar o sonho do vice Italo Ipojucan e depois, se é que vai mesmo indicar Salame, dar-lhe uma rasteira que já era bastante previsível para muita gente.
Salame se elege? Tião, dizem, tem condições de repatriar para seu indicado cerca de 17% dos votos do eleitorado. Saláme poderia capitalizar essa transferência?O certo é que pode dar Maurino na cabeça.
Para desgosto de tantos, principalmente para o sonho de Tião tornar-se deputado federal.

10 comentários:

Anônimo disse...

li seu comentario e fiquei pensando onde ficaria asbrubal nessa estoria sera que se comenta que o salame vai mesmo implacar e o maurino vai mesmo implacar com um discurso fraco e com pouca credibilidade, mais nao podemos deixar de dizer maraba melhorou muito na gestao tiao sera que seria o mesmo na gestao salame...e esperar pra ver

Anônimo disse...

O Ademir, que é marabaense e poeta brilhante, sabe que o Salame é disparado o melhor dos nomes apresentados até agora. Inclusive com condições de melhorar o projeto que vem sendo implantado pelo Miranda.E com grandes chances ligar.

Anônimo disse...

Formem uma grande chapa e (re-)lancem Pies para vice, representando a governadora.

Anônimo disse...

Poeta, não posso aqui deixar de registrar o quanto te respeito e admiro pela pessoa brilhante que és. Lí o teu artigo. Sei que pode parecer prematura a candidatura do João na sucessão de Tião. Mas o fato é que ele trabalhou muito perseguindo esse objetivo. É claro que isso significa apenas conquistar o apoio do grupo para uma disputa que ninguém pode prever. Ainda teremos pela frente um longo caminho a ser trilhado. Caberá ao povo dizer quem deve representá-lo. João, como você tão bem o conhece, fará o que estiver ao alcance para ter esse voto de confiança dos filhos e também daqueles que escolheram Marabá como terra. Se não conseguir, prosseguirá nessa luta que um dia foi também um sonho do Tião, que parecia longe, mas ele conquistou. Quanto a você, desejo que alcances o teu também. Continuo aquela mesma amiga que te adora te chamar de poeta brilhante.

Anônimo disse...

Transferência de votos se dá em contextos muitos específicos, daí que o Sr. Ademir Braz revela maior conhecimento de causa ao descrever o problema.
Um prefeito tão personalista como o Sr. Tião poderá ter muitas dificuldades em transferir votos pois governou como um monarca, e monarcas produzem linhagens, não necessariamente eleitores.
O marketeiro responsável pela campanha do indicado pelo atual prefeito terá muitos problemas pela frente pois o Sr. Tião não se preocupou com o processo de sucessão política.

Anônimo disse...

Ademir esquece que Veloso näo foi salvo do ostracismo. O velho médico havia sido, dois anos antes, extraordinariamente votado para deputado federal, e acabou impondo o nome depois que pesquisas de opiniao o apontavam como o único capaz de ganhar de elza miranda e cristina mutran. Aliás, os motivos da antigo azedume de ademir em relacao a salame está guardado no insondável humano. freud explica...ou nao!

Ademir Braz disse...

Ô das 11:40éns certeza que Freud vota no candidato do Tião?

Ademir Braz disse...

Professor:
Teu leitorado e os eleitores (ou não) do deputado estadual João Salame, que se manifestam neste rodapé, andam meio equivocados com minha posição em relação a todo o embróglio envolvendo o futuro político de Marabá. Por exemplo: eu duvido que Freud votaria no Tião Miranda, ou em quem ele indicasse. Outra: Salame é colega de profissão (jornaoista), trabalhamos juntos na década de 90 do século passado no jornal dele Opinião, nunca tivemos qualquer tipo de discussão ou rusgas. Acho-o inteligente e culto, já comemos comida árabe juntos discutindo política. Divergências políticas, quem não as tem? Ele é do PPS, eu sou anarquista. E daí?
O que me importa mesmo é o futuro da cidade que amo para meus filhos e os filhos dos amigos que aqui nasceram e que serão homens e mulheres daqui a pouco. Ele, Salame, certamente pensa da mesma forma, mas seguramente discordamos no encaminhamento dessas questões. E elas não passam, de jeito nenhum, pela sobrevivência ou interferência política de Tião Miranda no processo. Deus nos livre, a mim e à minha cidade,desse flagelo político duas vezes afastado da administração, mas sobrevivendo como uma ave de mau agouro. Esta é a questão. Por muito menos já cassamos outra erva daninha política. Mas agora, as condições históricas são outras: a maioria do eleitorado é de pessoas sem relação alguma ou conhecimento da nossa história. Então, marabaenses conscientes e preocupados com nosso lugar na política, somos cada vez mais raros.
Mas é preocupante que, segundo fontes, Salame tenha aceito, entre outras condições, que caso eleito, Tião vai mandar nas secretarias de Obras, Finanças e Educação, ou seja, de fato administrar este município. E, pior, manter o mesmo grupo que o acompanha desde 1993, quando Haroldo Bezerra teve a infeliz lembrança de chamá-lo para a administração pública.
É isso. Nada contra João Salame. O problema é seu aliado e o que ele representa.

LETRAS-INGLÊS disse...

CONCORDO EM GENERO , NÚMERO E GRAU COM O COMENTÁRIO DO CAMARADA ANARQUISTA ADEMIR BRAZ. NÃO VOU ME ALONGAR, ENTRETANTO QUERO DEIXAR CLARO A TODA A COMUNIDADE MARABAENSE QUE NÓS DO PSOL/MARABÁ; LANÇAREMOS UMA TERCEIRA VIA NESSA DISPUTA ELEITORAL E DESDE JÁ DEIXAMOS O CONVITE PARA OS DEMAIS CANDIDATOS A MAJORITÁRIA E ATÉ MESMO SEUS PROPORCIONAIS A ENCARAREM UM DEBATE POLITICO COM OS NOSSOS CAMARADAS ABDICK E JOYCE QUE ENCABEÇARAM ESSA TERCEIRA VIA. QUE ESSES SENHORES E SENHORAS NÃO FUJAM E NEM SE ESCONDAM ATRÁS DE ARGUMENTOS FURADOS. ESTAMOS PREPARADOS E ACIMA DE TUDO, CONVICTOS DE QUE TEMOS UM PROJETO ALTERNATIVO PARA MARABÁ CRESCER E ACOLHER DE FORMA HUMANA SEU POVO E QUEM A ELA CHEGAR.
EDIVALDO VIANA ( p/ DIRETORIO MUNICIPAL DO PSOL/MARABÁ.)

Anônimo disse...

Meu caro poeta. O Tião não me exigiu nem me pediu nada ao me escolher candidato para ser apoiado. Estou convencido que temos plenas chances de vencer as eleições. E vou governar plenamente. Ao meu estilo, que é diferente do executado pelo Tião. Mas mantendo os pilares da política de austeridade fiscal e financeira, pagamento de fornecedores e funcionários em dia, continuidade às obras de infra-estrutura e investimentos cada vez maiores em educação e saúde, sem descuidar do esporte, da cultura e do lazer. Agora, e nisso divergimos, acho que o Tião fez e faz um bom governo e se ele é solidário comigo, serei solidário e leal com ele nos seus planos futuros. É da minha personalidade não ser mandado por ninguém, mas também ser leal a quem me ajuda e não me pede nada de errado. O que é o caso do Tião. No resto assino em baixo: somos parceiros de copo, de sonhos que já sonhamos juntos na lide jornalística e nos respeitamos até mesmo quando divergimos. Forte abraço ao poeta

João Salame