6.5.09

Monitorar Pode, Sacanear Não

Por Wilson Bueno, em seu blog.

Ninguém ignora (pelo menos não devia) que muitas empresas estão, há algum tempo, investindo pesado para participar, influenciar, manipular as redes sociais (Orkut, YouTube, Facebook etc), buscando neutralizar ações contrárias e implementar outras que as ajudem a vender seus produtos e serviços ou simplesmente “limpar a sua imagem”.
Já existem no mercado, inclusive brasileiro, agências que monitoram estas redes, tentando identificar opiniões contrárias a determinadas empresas ou marcas e, quando possível, buscando cooptá-las, atenuar sua agressividade ou mesmo (nunca duvide disso porque nesse negócio a briga é de cachorro grande!) intimidar os adversários, retirar blogs e portais do ar e assim por diante. Vale tudo na briga pela blogosfera e há organizações que fazem qualquer coisa para preservar seus interesses...e especialmente seus lucros.
Na prática, não é possível nem razoável condenar as empresas quando esse jogo é feito de maneira transparente e elas têm o direito de consolidar relacionamentos, utilizar o potencial das redes sociais para alavancar negócios e marcas. Mas o problema existe quando elas ultrapassam determinados limites e passam a agir com truculência ou afrontando a ética.
Muitas vezes, artigos meus postados no Portal Imprensa (sou colunista lá e já escrevi mais de 70 artigos neste espaço prestigiado da comunicação brasileira), foram reproduzidos, sem minha autorização (o que é no mínimo imoral e não ético) no Portal do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), uma Ong (é isso mesmo, uma Ong financiada pelas gigantes da biotecnologia) e, o que é pior, totalmente desfigurados, desformatados para impedir a leitura.
A estratégia é gerar um link que remete os artigos contrários à indústria da biotecnologia (leia-se Monsanto, Bayer, Basf, Syngenta, Du Pont etc) para o Portal do CIB, com o objetivo de neutralizar o impacto das críticas a essa perspectiva transgênica ou mesmo de doutrinar os internautas incautos para as “maravilhas” (para a Monsanto é a melhor das maravilhas porque lhes dá lucros fabulosos) das sementes “engenheiradas”.
Agências de comunicação, de Relações Públicas buscam contatos com administradores de determinados portais, tipo “eu odeio essa marca”, visando convencê-los a mudar de postura. Algumas usam estratégias inteligentes (monitoram sem interferência), participando ativa mas eticamente desta guerra de informações, mas outras adotam posturas condenáveis e chegam a propor vantagens para cooptar os adversários ou fazem jogo sujo mesmo, como já pude sentir na pele, ainda que sem qualquer efeito real, visto que minha opinião nunca esteve à venda (como pode ver, o blog e todos os meus sites não têm anúncios).
As redes sociais têm cada vez mais importância no universo da comunicação e é justo que as empresas, preocupadas também com a sua imagem e reputação, busquem monitorá-las, mas é preciso ir devagar com o andor, respeitar limites éticos e não utilizar o poder econômico para sufocar as divergências.
Aos comunicadores e cidadãos em geral, resta a vigilância, a atenção redobrada em relação a estas ações e estratégias desenvolvidas pelas empresas na blogosfera, noosfera e outras esferas da web 2.0 e posteriores. Muitas organizações não têm ética alguma, são predadoras e fazem o possível para parecerem sustentáveis, democráticas, transparentes, quando, na prática, continuam predadoras, socialmente irresponsáveis, não têm respeito ao consumidor, à comunidade, à população.
Nesse caso, o importante é desmascará-las, repudiar sua interferência indevida, denunciar abusos, botar, enfim, a boca no trombone para que não sejamos presas de ações de comunicação engendradas por agências e assessorias que não têm compromisso com o interesse público. Uma grande agência, internacional, daquelas que andam por aí atendendo clientes em suas crises, tida como referência no mercado, andou inventando blogueiros para “limpar a imagem” do supermercado Wall-Mart, que tem uma trajetória e um passivo ético formidáveis. Deu com os burros na água e foi solenemente desmascarada (coloque blogueiros Wall Mart ou outra palavra-chave parecida e recuperará este caso no Google).
Logo, olho vivo e, se costuma adotar uma perspectiva crítica em relação a determinadas organizações, redobre a vigilância. Sobretudo, não venda sua opinião; muito pelo contrário, se sofrer qualquer pressão, tentativa de chantagem ou intimidação, conte para todo mundo, multiplique na rede.
Monitorar pode, sacanear de forma alguma. Mas algumas empresas não conseguem perceber esta nada sutil diferença. São também predadoras da comunicação ética. Merecem o nosso repúdio.

4 comentários:

Lafayette disse...

"Logo, olho vivo e, se costuma adotar uma perspectiva crítica em relação a determinadas organizações, redobre a vigilância. Sobretudo, não venda sua opinião; muito pelo contrário, se sofrer qualquer pressão, tentativa de chantagem ou intimidação, conte para todo mundo, multiplique na rede."

É isso aí!

Anônimo disse...

noosfera? Voei.

Ale Carvalho disse...

Juca, se vc estiver por aí, veja aqui, ao vivo, os manifestantes contra Gilmar Mendes neste streaming http://www.qik.com/proveisso E nada na mídia "grande".
bjs

Sérgio Rodrigues disse...

Penso que as empresas já estão alertadas sobre o potencial das redes sociais, mas muitas ainda não estabeleceram uma estratégia e não sabem a melhor forma de tirar o melhor partido delas.
Uma ferramenta como o E-goi consegue aliar todo o potencial do "e-mail marketing" e difundir as informações e/ou produtos automaticamente nas redes sociais.
Penso que este artigo é elucidativo:
Envie as suas campanhas para todas as redes sociaisAumenta exponencialmente a quantidade de referências a uma marca, sobe a sua cotação no ranking dos motores de busca (preferencialmente o google), poupa tempo e dinheiro.
Argumentos mais que suficientes para a aposta neste tipo de soluções.