18.5.09

O Adeus de Coutinho Jorge

O economista Fernando Coutinho Jorge despede-se amanhã da presidência do Tribunal de Contas do Estado. Aos 70 anos, sai da vida pública encerrando uma longa e venturosa carreira iniciada nos anos 60.
Deve-se a ele o que muitos reputam como o melhor documento de planejamento já construído pelo Sistema Estadual de Planejamento do Pará, por ele implantado - As Doze Teses do Planejamento Estadual - elaborado por uma equipe sob sua coordenação no final dos 70. Particularmente, nada de melhor li sobre o tema do que os trabalhos do prof. Roberto Santos.
Com excelente formação para os padrões daquela época, Coutinho Jorge deixa uma fama de trabalho, competência e decência, a última arranhada em dezembro de 2008 quando até o site do TCE do Distrito Federal registrou as críticas à sua recalcitrância em demitir parentes e aderentes em diversos setores da Corte. Orgulha-se de ter formado uma geração de economistas, o ex governador Simão Jatene à frente.
Professor Titular da UFPA, secretário de estado, deputado, senador, ministro, prefeito da capital e conselheiro, Coutinho conversou com alguns interlocutores deste blog nas últimas semanas, que concluíram que ele vai pra casa decepcionado, insatisfeito, amargurado com a cena paroara, o Tribunal inclusive.
Identificaram, nas entrelinhas de Coutinho, a mais completa descoordenação num governo que Ana Julia comanda a cota da DS no executivo, nada interferindo nas outras áreas ocupadas pelos demais grupos do PT e aliados.
Acham que o presidente do TCE não reconhece diretrizes na gestão do governo, não percebe projetos estruturantes para o estado, e avalia como gravíssima a situação do Pará. Concluem que Coutinho nunca viu nada igual, uma espécie de estado à deriva.
Acostumado a receber prefeitos e deputados em seu gabinete, ouve que o TCE não distingue gestores e parlamentares corruptos dos ingênuos ou despreparados, não raro invertendo o tratamento dispensado à estes e aqueles.
As fontes do blog não garantem que Coutinho registre a presença de normas e padrões para as atividades de conselheiros daquela Corte de contas, cada um fazendo seu trabalho sem visualizar o todo do Tribunal. Seus pares trabalhariam totalmente desconectados de uma ação comum e integrada na fiscalização das contas públicas.
Coutinho nada falou sobre corrupção ou nepotismo, dentro da Corte ou do governo, mas certamente se absterá de reproduzir amanhã, na transmisão do cargo, com a presença da governadora e de seus pares Conselheiros, a eles olhando de frente, este entendimento que tiveram os interlocutores do blog.
Uma pena. Coutinho Jorge daria uma bela contribuição para, ao menos, socializar as informações que tem e sinalizar ao povo do Pará o que acha que pode vir pela frente. Teria autoridade e credibilidade para tal e não frustaria a esperança que nós, cidadãos, temos, de que críticas assim possam por em brios o Poder Público Estadual e as elites (dirigentes e governantes).
De todo modo, perde o estado um servidor de relevância, de uma geração composta de poucos quadros como ele.

14 comentários:

Linomar Bahia disse...

Parabens ao blog pelas justas referências ao dr. Coutinho Jorge. Além de conhecê-lo, tive o privilégio de com ele conviver,e saber de seu grande valor pessoal e operacional, ao implantar e assessorá-lo como o primeiro coordenador da COMUS, quando exerceu o mandato de primeiro prefeito eleito de Belém, na restauração da autonomia política do Município no período pós-revolução. Infelizmente, as ditas mãos invisíveis do destino privaram o Pará de uma das mais promissoras promessas de melhor sorte para o nosso Estado. Uma pena, mas, em lugar de desencanto, Coutinho Jorge tem a seu crédito preciosa contribuição, naquilo que lhe foi possível, a momentos e conquistas importantes para o Estado, merecendo, também por isso, o respeito e reconhecimento de seus concidadãos, aos quais me associo. Linomar Bahia

Unknown disse...

Também fiz parte dessa equipe, na Cogep.E ainda cheguei a assistir algumas aulas na UFPA, como ouvinte. Coutinho merece tais adjetivos sim.
Obrigado pela visita, Linomar.

Anônimo disse...

"pós-revolução". Que revolução? A cabanagem?

Unknown disse...

Vc prefere pós-golpe?
Eu também, mas até de comunistas - o que não é o caso de Linomar ou Juvêncio de Arruda, já ouvi essa referência ao período pós 64.

Unknown disse...

Envie sua pergunta ao jornalista citado, do Diário do Pará, e à mim a resposta devidamente reconhecida em cartório.

Unknown disse...

rsrs...
Grite bem alto!!!
Quem sabe mamãe ouve e vem limpar suas fraldinhas?

Barroso disse...

justíssima reverência. Fernando Coutinho Jorge (como era conhecido quando foi secretário de planejamento), me deu a honra de privar de seu comando na seplan. Dele foi a criação do Planejamento Global Integrado (PGI), do qual o tal planejamento participativo é apenas um arremedo. No PGI, eram sabidas as prioridades do Estado para cada município e os os municípios definiam as suas a partir daí. Evitava-se a superposição de ações e recursos, trazendo economia de $$$ ao Estado. Bons tempos. A técnica e o conhecimento sobrepujavam a mesquinharia política e a corrupção.

Anônimo disse...

Juca,
Na década dos 60, houve eleição para o Centro Acadêmica de Economia da UFPa. Empatados em votos, os candidatos do PCB e da AP. Tiveram que escolher um tertius: o Coutinho Jorge, de ideologia ... espírita!
Posteriormente Coutinho faria uma pós em Planejamento Regional no ILPES-CEPAL, em Santiago, o melhor curso desse ramo. Por causa das duas coisas, apesar de ter sido aprovado na Primeira Colocação no corcurso para Economistas do BASA, em 1971, não foi chamado por ter ficha nos órgãos de segurança, pasme. O BASA poreferiu chamar um maranhense de nome Ivan Muniz de Carvalho (lá até hoje todos conhecem) que depois de muitas trapalhadas teve que demitir.

Unknown disse...

rsrs...é, tem escolhas "espíritas" em certos certames desta casa bancária, e até hoje.
Bem, o ILPES era o must daquela época. mas outro dia vi a folha corrida do prof. e bancário Roberto Corrêa, um calhamaço de bobagens que registrava todos os seus passos. Quanta perda de tempo...e dinheiro público.

Anônimo disse...

O Centro Acadêmico de Economia tem história. Além de Coutinho Jorge, passaram por lá outras grandes figuras.

No período posterior ao lamentável Golpe Militar dirigiram aquela agremiação acadêmica, entre outros, os secretários José Raimundo Trindade (SEFA), Edilson Rodrigues (SEGOV) e o glorioso Claudio Puty (Casa Civil). Outros mais fizeram parte deste grupo, mas o destino os reservou uma vida profissional não tão destacada.

Naquele período entre os professores do Departamento os economistas: Coutinho Jorge, Simão Jatene, Mario Ribeiro, Tereza Cativo, Paulo Fernando Machado, Roberto Correa e a Denise Pontes (atual diretora adjunta de macroeconomia do IPEA-RJ).

Bons tempos....

Unknown disse...

Ao comentarista que não leu o post como deveria e entrou às 5:30 da manhã pra encher o saco, aqui vai o trecho do post que registra sua crítica:

"Coutinho Jorge deixa uma fama de trabalho, competência e decência, a última arranhada em dezembro de 2008 quando até o site do TCE do Distrito Federal registrou as críticas à sua recalcitrância em demitir parentes e aderentes em diversos setores da Corte."

Anônimo disse...

Não compreendo Raimundo Trindade ou Claudio Puty (o Dilma Rousseff paraoara) como figuras de destaque na academia ,e muito menos na vida pública(qual projeto acadêmico ou pesquisa relevante realizaram para justificar toda essa apologia?). São respectivamente: um tecnocrata ortodoxo e um articulador óbvio. E olha que eu acreditei com todas as minhas esperanças nesse quadro técnico!

Unknown disse...

Talvez vc não tenha entendido bem a discussão. Não dá pra brigar com os fatos acima narados pelos outros comentaristas, por notoriamente verdadeiros.
Quantos economistas foram presidentes de centros acadêmicos e secretários de estado? Poucos, não é? É só isso que está sendo discutido aí em cima.
Não vi nenhuma apologia.
Os destaques assinalados em comentários anteriores revelam destaque na política acadêmica e chegada em cargos de destaque na administração pública. Só isso.
Sua decepção pessoal como desempenho da dupla - todo direito seu - é um outro assunto, que não foi objeto dos comentaristas.

Blog Terra de Direitos Ano II. disse...

juvencio meu professor, vou me focar no seu comentário na postagem sobre oq ele acha do governo ana julia.

como bom petista, rsrsrs, penso que ele nao poderia pensar diferente deste governo.

coutinho jorge fez parte de uma geração que dominou o pará por décadas, melhor dizendo, ele fez parte de um grupo político que so saiu do poder depois que ana julia foi eleita.

sahid xerfan, coutinho jorge, jarbas passarinho, almir gabriel, simão jatene e alguns mais, são td farinha de um mesmo grupo político, que no meu humilde ponto de vista, só trouxeram atraso pro estado, que nao trouxeram beneces para o nosso povo.

abraços professor.