A pretexto de puxar o saco da governadora Ana Julia em uma suposta parceria de coisa nenhuma entre o Pará e o Amapá - onde pontifica a desnecessária hidrovia do Marajó - o Seventy conserta informação anterior sobre a comitiva de Ana Julia que viajou ao vizinho estado, supefaturada em 600% na semana passada. Sem dizer que consertou, é claro.
O tempo decorrido entre a notícia falsa e a correção é uma aposta no esquecimento dos leitores.
8 comentários:
Oi, Juca! De ressaca?! Rsrsrsrs...
Permita-me discordar de um pedacinho de seu post. A hidrovia do Marajó é, sim, necessária. Muito necessária. O Marajó é um arquipélago. Precisa de rios navegáveis para garantir o acesso da população e o transporte de cargas. Não dá é para querer fazer rodovia numa região alagada, é um equívoco. Se a hidrovia da Marajó existisse, Juca, o MPF, o MPE, Ibama e Sema, por exemplo, teriam meios para fiscalizar a extração irregular de palmito e o derramamento de óleo nos rios. As ações de saúde teriam como chegar com eficácia àquela gente que é flagelada pela malária e doenças gastrointestinais. E não haveria tantos casos de pedofilia, abusos sexuais, exploração de menores, tráfico de mulheres e a hegemonia do narcotráfico. Por que? Porque com a hidrovia o Estado teria a possibilidade efetiva de se fazer presente no Marajó, não se perpetuaria a situação de miséria e abandono.
Na matriz de transporte brasileira, a hidrovia tem um papel desprezível, embora os nossos rios sejam vias naturais de transporte de pessoas e cargas. Os EUA dispensam às hidrovias alta relevância logística, a União Européia faz o mesmo e a China, que é a bola da vez da economia, moderniza cada vez mais seus canais para escoar suas riquezas. Enquanto isso, o nosso País, que tem a maior bacia hidrográfica do mundo, não consegue utilizar o modal hidroviário de transportes. Na Alemanha existe até viaduto hidroviário, com embarcações passando umas por baixo das outras, mas aqui uma transposição de nível, como é o caso de Tucuruí, se arrasta há quase trinta anos. As hidrovias européias têm semáforos para sinalizar os rios e garantir a segurança, mas no Brasil – e particularmente na Amazônia e no nosso Pará – nem ao menos há sinais que permitam a navegação noturna.
É preciso, sim, investir na definição de uma política hidroviária, que incentive investimentos no setor; na melhoria geral dos meios de transporte - principalmente em qualidade e pontualidade -, e nos alojamentos, com a construção de terminais e de hotéis, pousadas e albergues, urge adotar novas tecnologias e conservar e manter a segurança nas vias.
É fundamental também agregar à infraestrutura física o tratamento cordial, com respeito ao viajante, capacitando mão-de-obra e investindo na formação de profissionais especializados e, principalmente, ouvir sempre a opinião do cliente sobre os serviços oferecidos.
A melhoria da qualidade do transporte fluvial requer cumprimento de roteiros e racionalidade nos serviços; proteção ao meio ambiente, com águas não poluídas e embarcações com o mínimo de ruídos, além de competência profissional, com navegação rápida e segura, equipamentos sem panes e limpeza.
Eu estudo a questão há quase 15 anos e penso que a regulação de transportes e da carga na região amazônica é um dos maiores desafios para os governos federal e estadual. Apesar de a região amazônica secularmente ser servida pelo transporte hidroviário, praticamente nenhuma linha está regulada.
E não adianta a Arcon publicar, de imediato, uma regulação, se não há condições de “casar” com a fiscalização. Outra das dificuldades é que a grande maioria dos municípios paraenses não dispõe de terminais hidroviários e os existentes não apresentam boas condições para os passageiros, exceção para o de Monte Alegre e agora o de Oriximiná, que ainda não está totalmente concluído.
Desculpe ter me estendido no comentário. É que o assunto me apaixona.
Nada contra a hdrovia em si, senão a do Marajó, região que conheço, e bem, desde os 16 anos.
O Marajó é, em si, uma hidrovia. Falta sinalização, como em toda a Amazonia, salvo no trecho do Trombetas até Porto Trombetas, que vc conhece bem.
No Marajó, aonde não tem navegabilidade não tem produção, gente, economia. Falamos do centro da ilha e de sua porção nordeste.
O argumento usado pelo Seventy da dimunuição do percurso Nova Déli-Macapá deve-me ser poupado, pelo ridículo que embute. Quanto a ação do estado, sem dúvida seria facilitada, embora não precisasse de uma hidrovia para tal.
Conheço e respeito suas posições sobre o tema, e sei que vc a estuda há muitos anos. Apenas discordamos deste particular.
Abs
Franssinete, fiquei muito bem impressionado com sua argumentacao.Voce aborda o isolamento dessa grande parte da Ilha com plena propriedade.
Sinto-me muito bem representado por seu discurso.
J, quanto a noticia do seven eleven, seven up, sei la... nao surpreende nenhum pouquinho a superficialissima abordagem e da profundidade tecnica de um pires de cafe.
Quanto a terra da tiborna e dos campos chuvosos do Dalcidio ,dos rosilhos carabaus e dos "mounts" magicos e ainda indecifrados, esta fazendo vinte anos que foi cruzada de motocicleta ,pela primeira vez, em sua milenar historia .
Uma fantastica, solitaria e reveladora aventura, que deu origem ao matrimonio entre esporte, turismo e aventura como proposta de ferramenta de promocao do potencial atrativo de nosso Estado, e na certeza de que a hidrovia pode ser o veiculo dessa inclusao.
O Liberal, o maior e melhor jornal do Norte e Nordeste!
Humpf!
Foi por causa da orgia de hidrovias que Nova Orleans, nos Estados Unidos, sofreu um dos maiores desastres de sua história. As pessoas que sonham com soluções definitivas e milagrosas deveriam, antes de emitir qualquer opinião, estudar as consequências das soluções "para todos", como a hidrovia do Marajó, um desastre ecológico anunciado e desmoralizado pelos inimigos dos "ecochatos", como dizem acreditando estar propagando um verdade em favor do "desenvolvimento". Não há soluções milagrosas, senhora Franssinete, e campanhas como essa em favor da hidrovia do Marajó só escondem o interesse imediato de políticos ávidos por votos e pelas sobras das propinas, e por empreiteiras interessadas unica e exclusivamente com o lucro fácil que terão. Sei que não é seu caso, por isso, peço encarecidamente, procure avaliar todos os prós e os contras, sem deixar se seduzir pelo canto das sereias que adoram alrdear soluções mágicas para a miséria do país.
Obrigada, Anônimo das 1:31 PM.
Juca, sei que você ama o Marajó, por isso insisto mais um pouco em defesa da hidrovia. Ela vai atravessar pelo meio a ilha, no sentido sudeste/noroeste. O isolamento físico, econômico, social, cultural e político da área central do Marajó, onde persistem os mais altos índices de pobreza no Pará, é a razão maior que aponta a necessidade imperiosa da construção do canal ligando os rios Atuá e Anajás.
Quando se fala da redução da viagem Belém a Macapá, que hoje é de 580 Km - porque o arquipélago tem que ser contornado - para 432 Km, pelo meio da ilha, é preciso atentar para o que isso significa para os habitantes de Breves, por exemplo, que gastam mais de 30 horas para chegar a Belém. Sem hospitais, sem ações de saúde e sem a hidrovia, quantas pessoas já morreram no meio desse longo caminho? Não sou marajoara, mas sei que eles não aceitam morrer de fome e de malária, enquanto a única possibilidade de reverter o secular isolamento e empobrecimento da região, que é a hidrovia do Marajó, continua no papel, sem que seja considerada a penúria em que vive a população.
A pobreza dos municípios do Marajó foi muitas vezes denunciada pelo criador do Museu do Marajó, o saudoso padre Giovanni Gallo, e até em documentos oficiais da CNBB clamando por mais atenção. Por causa das dificuldades de transporte, qualquer obra na região é caríssima, impedindo investimentos mais significativos nos setores produtivos e até nas áreas de saneamento básico e saúde. Sabe quanto custa construir no Marajó? No mínimo três vezes mais caro do que em qualquer outra região do Pará.
Os impactos ambientais da hidrovia serão mínimos, comparados aos benefícios que ela proporcionará. Além disso, as medidas mitigadoras e ações compensatórias superam qualquer dano que a obra possa causar.
A geografia e a história do arquipélago do Marajó são notoriamente conhecidas e reconhecidas como elemento fundamental no cotidiano dos seus habitantes. É questão de bom senso que chegue ao fim o impasse que emperra o desenvolvimento e condena à miséria o povo marajoara.
Parece que a sra Florenzano é expert em hidrografia, estudou a fundo os efeitos de um hidrovia que corta o Marajó ao meio, conhece toda a história geológica do arquipélago e trabalhou com modelos tecnologicamente perfeitos que demonstram claramente que a obra tão desejada por políticos e empreiteiros não trará problema algum. Por que então a senhora não apresenta todos esse estudos que lhe permitem afirmar categoricamente que os impactos ambientais serão mínimos e que os benefícios justificam qualquer danozinho que aconteça. Embase o seu "bom senso" com provas científicas que, parece, a senhora tem em mãos para fazer defesa tão enfática da hidrovia.
Anônimo das 5:55 PM, se você se interessasse verdadeiramente pelo tema, guardaria seu sarcasmo para a ocasião adequada. Trato dele com seriedade. E quem, como eu, acompanhou todas as audiências públicas realizadas para debater a hidrovia do Marajó, ouviu as razões que expus muito resumidamente, como convém em um blog. Se você se dispuser a estudar o assunto, pode ir, por exemplo, ao Ministério Público Federal, onde estão arquivados todos os documentos, o EIA/Rima, as notas taquigráficas das reuniões, os pareceres técnicos.
A hidrovia não corta o Marajó ao meio, trata-se de apenas um canal de interligação entre os rios Atuá e Anajás que, aliás, são interligados pela própria natureza na época de cheia.
As hidrovias são muito estigmatizadas, apesar da inegável vocação do nosso País – e principalmente do Pará - para o tipo de transporte que proporcionam, tão pouco poluente e tão barato, comparativamente. A maioria das pessoas não conhece as hidrovias, mas sobre elas são feitas ilações escabrosas, como se fossem mães de todas as mazelas que o meio-ambiente pode sofrer. Alguns arautos da desgraça dizem que as embarcações atropelam peixes; outros, que elas trarão o caos e a devastação.
Tenho por certo que é essencial preservar o ecossistema, mas também consideramos de igual importância o resgate da dívida social nas regiões onde se localizam os bolsões de miséria e fome no nosso Estado.
O mapa do IPEA aponta 36 mil famílias abaixo da linha de pobreza na região. Saltam aos olhos concentração da renda, elevada mortalidade infantil, desnutrição, malária e óbitos por doenças parasitárias. Acrescente-se a enorme carência de saneamento, serviços de saúde pública, escolaridade, a pouca presença do Estado nas opções culturais e as péssimas condições de moradia.
A água consumida pela população é do próprio rio, que serve não só para cozinhar, lavar roupas e tomar banhos, mas também como depósito de dejetos fecais. Na época de inundação, a água represada no campo propicia a proliferação dos mosquitos e de todo um ciclo. Existe a época das rãs, dos grilos, das caturras, do cupim-de-asa, das baratas d’água...
É preciso trabalhar o conceito de manejo florestal comunitário e empresarial, o turismo, a inclusão social e a cidadania, todos estes presentes no projeto da Hidrovia do Marajó, que já podia estar pronta desde 1998. Mas a realidade é que os rios e os lagos continuam a secar, e os pescadores a passar fome e a morrer de malária.
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