13.2.09

Revolta

Do advogado Walmir Brelaz.


O meu amigo Rosevam, chamado apenas de Quinho, depois de tomar umas no domingo, saiu para tomar outras num bar próximo de sua casa, no Curuçambá.
Lá pelas tantas apareceram dois bandidos e anunciaram umassalto, mas Quinho era metido a valentão, reagiu e levou dois tiros:um na boca e outro no tórax.
Quinho era daquelas pessoas consideradas "gente boa". O cara só fazia o bem. Todos gostavam tanto dele!
Amigo que realmente devemos guardardo lado esquerdo do peito. Depois de ser atingido Quinho ficou estirado no chão, até que um carro da polícia se aproximou dele ao mesmo tempo em que sua sogra. Ela o embrulhou numa rede e o carregou até o carro. "Eles não queriam sujar suas fardas", justificou.
No pronto-socorro a sogra continuava a carregar o Quinho, e olha que ele não era lá tão esbelto, pesava quase noventa. "Caramba, será que agrana de nossos impostos não consegue comprar uma maca?", devia estar se perguntando. Como o caso era grave, Quinho foi transferido para o Hospital Metropolitano. Neste local, apesar da relativa atenção dos profissionais, meu amigo morreu na terça-feira, sem dizer uma palavra, apenas esboçava um sussurro angustiante.
Domingo o Quinho foi baleado, terça o Quinho morreu.
E a Polícia certamente não passou de um B.O., ato omisso de estímulo a impunidade.Ficamos num vazio tão grande, uma sensação absurda de incompreensão.
A vontade que tenho é baixar ainda mais o nível desse desabafo e encontrar alguém – ou algo – que simbolizasse os culpados pela morte de meu amigo – que acredito, não são poucos - e mandá-lo direto para a casa do caralho ou para a puta que o pariu!
Mas não vou fazer isso, o blog pode me censurar e respeito às profissionais do sexo, mas que eu tenho vontade, isso eu tenho.
- E o Estado?
- Estado?
- O que é isso?

12 comentários:

Anônimo disse...

Este é um retrato do "poder".
Poder dos facínoras e o poder de ficar impune do Estado.

Anônimo disse...

Juca,

Este fato reforçado pelo depoimento nos traz à revolta. Alguns poderiam me corrigir e dizer "não é trazer, mas sim levar à revolta", mas à revolta voltamos diariamente. Já não somos mais levados.

Num caminho que faço com meu carro, quase que diariamente, forço uma pequena contramão para ganhar alguns poucos metros de um retorno mal projetado. Sempre fui legalista e rígido em relação às regras de trânsito e qdo me pego fazendo esta infração falo pra mim mesmo: "ah, já está tudo bagunçado mesmo...".

Esta auto crítica (neste caso com duplo sentido) me faz refletir qtos decepcionados como eu não estão cometendo pequenos, ou grandes, delitos (seja no trânsito ou em seu trabalho) por conta da bagunça que deixamos este Estado e País se tornarem?

Abs,

J. BEÁ

Unknown disse...

Bom dia, Jota.
Cuidado com as multas.
Abs

Pascoal Gemaque disse...

D. Juquita,
Como você bem sabe, deixei Belém e moro em Rio Branco/AC.
Aqui, temos assaltos - um, ano passado, teve até refém - , roubo de carros, motos (muitos), invasão de residências, tráfico de drogas (fronteira com a Bolívia, sabe como é.... Temos, enfim, tudo o que uma cidade de médio a grande porte num país que não prioriza a educação pode ter.
O diferencial é que, aqui, mais que a insegurança, vemos a ação policial.
Você é assaltado? Vá à delegacia mais próxima, faça um B.O. e espere (na certeza) a prisão dos pilantras.
Como exemplo, cito a história do marido de minha secretária baleado há duas semanas por pequenos traficantes quando chegava em casa. Baleado na quinta, viu seus algozes serem presos na segunda e encaminhados diretamente, sem escalas à "Penal", como chamam a "Americano" daqui.
Não, não cuspo no prato nem na cidade onde nasci e morei por 40 anos, mas não posso camuflar a realidade.
Candidata à subsede da Copa de 2014, Belém já perde (há muito) de goleada para a bandidagem de rua, que começou puxando cordões e relógios e hoje mata pais de família como o citado no post. Mata ainda jovens como o garoto da porta do Colégio Universo, colega de meu sobrinho e sobrinho da colega Andréa Cunha. Menino novo, começando a vida, filho e neto de alguém, que não teve culpa de ter nascido na cidade hoje dominada pelo livre ir e vir dos bandidos, pelo escárnio da polícia e pela incompetência de Santinos, Geraldos e (nem quis acreditar quando ouvi)de uma provável futura Maria do Carmo.
Minha família ainda mora aí. Amigos também. Se dependesse de mim, tiraria todos ao som de um único grito: "Salve-se quem puder"!!!!
Abração D. Juca.
PS: se precisar de coletes à prova de balas, na Bolívia é baratinho...

Unknown disse...

Bom dia, Pascoal.
São lamentaveis os fatos, asodres, os despudores e a incompetência que grassa na área de segurança deste estado.
E não tem solução no curto prazo.
Vamos continuar vivendo até quando a loteria deixar.
Pessoalmente, já "liguei o foda-se". Senão a gente morre antes.
Abs

Francisco Rocha Junior disse...

Meus sentimentos ao Brelaz. Perder um amigo é como perder um braço.
Quanto ao estado de coisas aonde chegamos, Juca, eu também já entreguei a Deus. Tomo meus cuidados, mas também rezo antes de sair de casa.
Abraço.

Anônimo disse...

Realmente a violência está solta no Estado do Pará, aqui em Belém principalmente. Ao ler o comentário do Brelaz fiquei com um aperto no coração, porque já perdir amigos nesta situação, e também só não sou outra vítima desta violência porque Deus existe!Não morrir em um assalto juntamente com meu filho de 05 anos, porque não era nossa hora, foi horrível, terrível, assustador.
Tá difícil sermos uma TERRA DE DIREITOS, como o governo propaga.

Anônimo disse...

Bem, primeiramente, gostaria de prestar minha solidariedade ao rapaz que tragicamente perdeu o amigo – até porque, imagino a dor que deve lhe consumir - pois também sou uma pessoa que preza por amigos e, vivo cercado de muitos; Segundo, como pai de família, confesso que, assim como alguns manifestaram neste blog, sinto muito medo de perder um ente querido, em decorrência dessa violência desenfreada.
Mas neste comentário, quero deixar minha opinião: antes de tudo, esses altos índices de violência são um problema de estado e, não de governo. Problema que se acentuou principalmente nas duas últimas décadas, em conseqüência de gestões tucanas insensíveis à temática da Segurança Pública (Jatene, Santino, etc). E como o próprio jornalista mencionou em um comentário acima, esse é um problema que não será resolvido em curto prazo, mas sim com investimentos em inteligência policial, valorização da corporação, realização de concursos públicos e reforço do contingente policial, além de investimentos na estruturação do aparato policial.
E, a meu ver, o atual governo Ana Júlia já acenou positivamente ao tomar medidas dessa natureza, enfim, políticas públicas de verdade que terão reflexos mais tarde. Acho que o caminho é esse.

Anônimo disse...

Falta mão rígida conta a malandragem e uma política de educação séria e contínua, além de geração de emprego e renda para as famílias. Falta principalmente escola integral, rua é escola de bandidagem.

Abraços Juca

Polícia Consciente disse...

É bom lembrar que a Polícia Militar não tem competencia nem material para remover cadaveres do leito público. Eles erraram pois deviam isolar o local do crime até a chegada do IML. Se estivesse vivo, a PM também não tem equipamento, e treinamento para socorrer pessoas sangrando, afinal não tem como saber se a pessoa é ou não portadora de alguma enfermidade transmissível

Cris disse...

Então, para Consciência Policial, é deixar morrer mesmo?!
É continuar com a 'sensação' e o peso sobre nós (meros pagadores de impostos - pode-se traduzir salários - de quem deveria proteger-nos) da insegurança e da violência crescente?!
Continuar a ver nossos amigos e familiares morrerem, serem assaltados diversas vezes, sofrerem a violência cotidiana?!
Ou nós mesmos padecermos desta insegurança e violência pessoal e intransferível.. ah, desculpe, esqueci que só a 'sensação de insegurança' que temos a não a própria...
Fazer o que, né?
Se fosse um governante, ou um político, ou parente de um deles, ou, quiçá, um dos PM's nessa situação o procedimento seria o mesmo?
Ou seriam acionados todos os meios para salvar a vida, talvez mais preciosa que a dos meros mortais?
Desculpe o desabafo tb, mas é a indignação ante um comentário (ao meu ver) infeliz!

Cris disse...

Walmir
não mande pra casa do c......, e sim, como é a moda atual, para o castelo do c...............