O relato do jornalista Ednaldo Souza, do jornal marabaense Opinião, trazido ao blog por um anônimo na caixinha de comentários do post No Forno, de hoje, não conta que foi um avião fretado pela Agropecuária Santa Bárbara, de Daniel Dantas, que levou os jornalistas para a zona de conflito, Ednaldo inclusive.
O trecho da matéria de O Globo na edição impressa de segunda feira, 20, que dá essa informação, foi suprimido na edição online.
É compreensível que a edição online não reproduza a íntegra da edição impressa. Mas, pela relevância da informação, não deveria ter desaparecido da edição online e deveria ter sido consignado no relato do jornalista do Opinião.
Prática comum nos cadernos de turismo, o envio de repórteres ao local objeto das reportagens sob algum tipo de custo bancado por empresas, mesmo naqueles, é informado ao leitor.
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Curiosamente, na semana que passou fui contactado a pedido de um prefeito de uma grande cidade do interior, próxima da zona do conflito, que gostaria de conversar comigo. Disse ao intermediário que não teria nenhum problema em falar com o gestor, alvo de algumas críticas em postagens, links ou comentários aqui no blog.
O assessor adiantou: ele vai te convidar para ir até lá e mostrar as obras de sua administração. Respondi que se fosse só o convite, ele nem precisava se incomodar. Como tenho que ir noutra grande cidade da região no mês que vem para mais uma etapa de pesquisa de campo da minha dissertação, nada me custaria pegar uma van e esticar até a cidade do prefeito atencioso e lá dar uma volta com ele pela cidade.
Não estou dizendo que foi por isso, mas prefeito e assessor tomaram rumo ignorado. Paciência. Páro por lá e , em vez de obras, revejo os amigos.
Se não é correto políticos usarem mal suas cotas de passagem, muito menos mediadores de informações o fazerem com as cotas das empresas sem informar seus leitores.
15 comentários:
Juvêncio,
Na edição do jornal Opinião, que circulou até ontem, 21 de abril, a advogada dos latifundiários, Brenda Santis, deixa escapar que teria levado a imprensa até o local do conflito, além de ter ido à Delegacia de Conflitos Agrários e ao Comando da Polícia Militar.
Isso significa o quê?
O repórter Vitor Hao não está sendo mais ouvido nos telejornais. Apenas o cinegrafista.
Vítor é (ou era?) filiado ao Partido Comunista do Brasil em Marabá. Seria, portanto, um testemunha insuspeita, em face do compromisso dos eu partido com a reforma agrária.
Significa, em princípio, que a advogada Brenda Santis "deixou escapar" corretamente a informação.
É de seu ofício a visita à Delegacia e ao Comando da PM.
Quanto ao repórter Hao, que nada pode fazer para ser entrevistado novamente - não é ele quem determina isso - pode fazer um relato pessoal ao site Vermeho.org, querendo, e se ainda for filiado ao PCdoB.
O importante é dar a informação.
Deixemos o resto com a opinião pública, que saberá o que fazer com ela, ou com sua supressão.
Bingo!
Esquecido no Norte.
Para bom entendedor...
Esquecido, estamos sempre aprendendo.
Hoje na coluna do Nicias Ribeiro, ex-deputado federal, o que se lê simplesmente é a visão de um parlarmentar injustiçado. Lê-se:" jornalistas teimam em não entender que vereador,deputado e senador não são funcionários públicos, mas sim agentes públicos e como tal não recebem salários e sim subsídios,com os quais devem se manter a si e aos seus familiares(sic), e ainda sim subsídiar suas atividades políticas."
E continua "E que por serem legisladores do Brasil, não têm férias, mas sim recesso parlamentar, e que senadores e deputados recebem cotas de passagens mensais, não apenas para irem aos seus estados, mas para se deslocarem para o Brasil."
Sobre a verba indenizatória:"como o deputado poderá ir para a Ilha do Marajó, transamazôniza e oeste do Pará?"
"Como congressista, eleito pelo Pará, poderá dar paracer...sobre as araucárias, por exemplo, que são árvores que só existem no sul do País?"
Bom, quando às justificativas levantadas, eu só tenho uma coisa a perguntar: Será que é realmente necessário que sua mulher ou filhos, tia, avó, sogra, namoarada ou genro entenda de assuntos de entretenimento de Miami, Paris, Carnaval de Salvador e Nova Iorque?
Não é de pasmar uma coluna que defenda o plenário e seus integrantes, sobre a utilização de passagens pelo mundo afora.
Gostaria de saber o que o Sr Nicias Ribeiro tem a declarar sobre a viagem a Itaituba para pedir votos dos servidores públicos? Segue link: http://jotaparente.blogspot.com/2006/09/promotora-flagra-nicias-ribeiro.html
É muita mamata.
A imprensa brasileira tem muita roupa suja para lavar, mas algumas coisas já foram superadas no eixo Rio-São Paulo- Brasília. Coisas que aqui, neste rincão amazônico, ainda são tratadas com a maior naturalidade. Vamos a elas:
1) Repórter que é também assessor de imprensa e vai até o assessorado fazer entrevista pelo jornal onde trabalha. Essa prática, explicitamente condenada no código de ética da categoria, é tão reiterada que o repórter nem se importa de assinar a matéria (veja o episódio Micheline). Ah! O pior: os editores incentivam “É melhor mandar o fulano, ele é assessor lá, terá mais acesso, entende melhor o assunto”.
2) Editor que também é assessor recebe matéria contra seu assessorado e, ao invés de se declarar suspeito, simplesmente edita o material da maneira que lhe convém ou ... engaveta a pauta.
3) Editor que tem empresa de comunicação recebe sugestão de pauta interessante e de interesse público, mas como é da empresa concorrente, derruba a sugestão.
4) Repórteres viajam para o interior com despesas pagas por prefeituras e na volta, enchem o município de elogios sem que a informação de quem pagou a viagem seja dada ao leitor.
5) Colunista social presta assessoria para “socialite” (??) e enche sua coluna com fotos da dita-cuja, dos filhos, etc. Não é a toa que as colunas são cheias de notas sobre quem colou grau (isso é notícia?), concluiu o cursinho no Aslan, foi a Fernando de Noronha num feriado prolongado e outras coisas da mesma importância. Quem paga o colunista decide o que é importante. Os interesses do leitor?Que se danem.
Sabe o mais grave: ninguém quer discutir essas coisas. Por quê? Os donos de jornais porque não querem pagar salários melhores que garantam aos repórteres e editores serem apenas repórteres e editores. Os repórteres e editores porque não conseguem viver com um salário só e temem que, ao final da lavação de roupa suja, nada melhore nas redações e eles ainda tenham que abrir mão de uma fonte de renda. Os donos de agência de assessoria porque não se preocupam com a qualidade dos releases que mandam para a redação e ficam contando apenas com o “bom relacionamento”.
Perguntas que gostaria que alguém respondesse aqui:
Como fazer uma boa matéria se, nas redações, muita vezes, não se pode ligar para celular ou fazer interurbanos?
Como cobrir decentemente o interior do Pará se qualquer ida a Cotijuba é vetada pelo financeiro das empresas?
Como fazer uma matéria isenta se o repórter recebe do jornal e da fonte que está lhe dando a informação?
Como obter credibilidade se um dos lados está pagando?
A Boa notícia? Há menos de cinco anos, essas indagações ficavam restritas às mesas de bar. Hoje, já temos espaço onde se pode discutir de maneira mais aberta. Já é um começo
Viva os blogs.
Esse caso envolvendo a fazenda do Daniel Dantas e o MST serviu pra revelar mais uma vez a promiscuidade entre a mídia (e determinados jornalistas) com empresas, políticos e outras fontes. Revelou também a utilização de métodos ilícitos na obtenção de notícias. Como é que alguém vai para uma área de conflito, no avião fretado por uma das pares envolvida no conflito? Como é que o jornalista aceita ficar hospedado na sede da fazenda, quando deveria ir para um hotel pago pela sua empresa? Em qualquer conflito, nos ensina a prudência e a ética, que o jornalista deve procurar o apoio de uma instituição idônea, o mais netra possível, como a igreja, a OAB ou um conjunto de instituições qe possam servir de observadores da cena. Mas para as empresas, é muito cômodo mandar seus repórteres a campo, sem gastar um centavo. O resultado é que a credibilidade da informação fica comprometida.
Bela oportunidade,Juca, para discutir essas questões, afinal, ética não é uma coisa abstrata, mas bastante concreta, como nesse lamentável episódio, onde jornalista abandona a narrativa para se tornar a notícia, aliás triste notícia.
Todos os que estavam lá entraram e sairam no avião da fazenda (inclusive o senhor repórter Vitor, que em nenhum momento parece que lembrou da condição de militante)...isso é fato. A aeronave esteve às disposição desde sempre pra todos.
Sr. do blog, que tal disponibilizar essa informação no Observatório da Imprensa (Tv Cultura), para que outros jornalistas ou grupo de comunicação não tornem a incorrer neste erro crasso ? Tá na hora dos movimentos sociais fazerem uma vaquinha e fretarem um avião para jornalistas para registrar uma ocupação no sul do Pará, Pernambuco ou São Paulo.
Que instituição é essa? Quem a constituiu? Certamente não foram os famélicos da terra. A história é contada pels vencedores. Os vencedores,então, fizeram a instituição Estado burguês. Foram os latifundiários, não os camponeses pobres. Foram os grandes empresários, não os operários. Quem faz as leis, as constituições? Os parlamentares que, em sua grande maioria, são finaciados por grandes empresários e latifundiários. Nos parlamentos, representam os interesses dessas classes. Só uma pequena minoria defende os interesses dos oprimidos. O sufrágio universal, invenção da burguesia, para enganar os oprimidos que, assim, têm a ilusão de poder conquistar o poder político através do voto.
A burguesia tem ao seu dispor a violência das polícias e de suas milícias. Os oprimidos dispõem apenas de sua organização, da sua união e da justeza de sua luta. Nada têm a perder.
Juvencio,
A Farsa envolvendo, o Grupo Santa Barbara de Daniel Dantas e os Jornalistas, foi descoberta, em Marabá, pessoas confiáveis, garantem, terem visto, a Advogada Brenda, Repassando algo estranho, para os Jornalista, logo após o Pouso da Aeronave do Daniel Dantas, em Maraba.
João Souza.
Eu não duvido que tenha sido o próprio Dantas quem comprou armas para o sem-terra e colocou falsos sem terras no meio do movimento só para promoveram essa barbárie.
Grande Juca,
Gostaria de expressar o meu pensamento a respeito deste há muito tempo anunciado episódio (Episódios piores do que estes viram aguardem).
• Conheço todos os repórteres que foram fazer o seu trabalho que é nos trazer a informação e eles o fizeram com respeito e profissionalismo.
1) O que houve não foi a briga do bem contra o mal. Foi a briga do mal contra o mal.
2) O foco da questão esta sendo mudado que é a falta de presença do estado. Realmente a policia militar tem poucos homens? Tem, mas não é por isso que os pedidos de reintegração de posse não devem ser cumpridos.
3) Os sem terra invadem armados, os fazendeiros contra atacam armados e a culpa é dos repórteres, porque que foram em um avião fretado pelos fazendeiros? Pelo o amor de Deus, o que é isso!
4) As imagens mostram a selvageria de ambos os lados (Arrogantes, diga-se de passagem) trocando tiros. Como se Xinguara cidade que conheço bem uma terra próspera e de boas famílias, fosse o velho oeste.
5) Outro fato, quem deu entrevistas foi o cinegrafista Felipe Almeida da TV Liberal porque na hora do confronto o repórter Victor Haor estava com outros repórteres que foram impedidos de fazer o seu trabalho como o repórter Marcelo Linhares que teve a sua câmera fotográfica tomada pelo MST, as fotos deletadas, e a máquina devolvida.
Dr. Costa
Juvêncio. Que História é essa de Carcere Privado, onde os Jornalistas, chegam a Fazenda na Aeronave do Daniel Dantas, e retornam na mesma Aeronave. Ta Cheirando a podridâo. Vou solicitar aos Jornalistas que estiveram na Fazenda do Daniel Dantas, que informem os numeros do próximo sorteio da Mega-Sena, uma vez que os mesmos, já adivinham.
Um Abraço.
Paulo Silva Santos
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