No Jornal do Brasil, por Mauro Santayana.
Dois textos divulgados na última sexta-feira merecem reflexão no início deste outono instável. O primeiro reproduz entrevista de João Pedro Stédile à Radiobrás; o segundo é um artigo de Eric Hobsbawm publicado pelo Guardian, da Grã-Bretanha. Hobsbawm volta a uma proposta muito antiga, já discutida nos anos 30, quando a direita e a esquerda se confrontavam no mundo inteiro: a de uma terceira saída. Na Alemanha, a direita facínora estava em ascensão; na União Soviética, o stalinismo se impunha. Nos Estados Unidos, Roosevelt salvava o capitalismo com o New Deal, mas não abandonava a teologia do Destino Manifesto, esse evangelho do imperialismo norte-americano. O escritor afirma que não basta "brecar", moral e economicamente, o neoliberalismo. O desenvolvimento deve ser um meio, e não um fim em si mesmo. Ele deve garantir a vida e a felicidade de todas as pessoas.
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4 comentários:
Interessante o texto. A questão da terceira via deu brechas para formas menos ortodoxas de capitalismo: como o alemão ou keynesiano: possibilidades que fazem tremer gregos e troianos.
Uma das visões é de que uma decisão hoje pensada ou elaborada de dentro da Academia, mais cedo ou mais tarde chegará ao operariado. Mesmo que vulgar, o clamor sindical representa a fotografia dos frutos dessas decisões.
Apesar de parecer velho e batido, a questão está no cerne do capitalismo: a incidência de lucro reduz o coeficiente de mercadoria prestada (por real pago) e de salários pagos.
Se (quase) todos empreendessem, esse detalhe seria negligível, mas como infelizmente só alguns cristãos (e principalmente judeus) conseguem enxergar a importância de se investir...
Vejo que vc continua estudando na direção certa, Alan.
Valeu!
Caro Juvêncio, sempre fiquei revoltado ao ver a imagem do economista ser interpretada como aquele homem egoísta e que está interessado só em promover o lucro do próprio patrão, em detrimento de seja o que for.
Temos a chance de mostrar que a profissão é muito mais que isso: é, através do Estado, valorizar o pequeno crédito, o pequeno empreendedor, o fortalecimento de um mercado interno, industrialização com capitais nacionais, enfim.
Por sinal, eu não temo muito esta crise: o governo vem combatendo energicamente seus riscos. Para um país ser considerado "seguro", precisa ter em sua reserva cambial um volume que supra pelo menos 3-4 meses de seguidas importações sem exportações... o Brasil tem para 16 meses, salve engano.
Além disso, o Brasil mostra-se não tão vulnerável ao cenário externo: o comércio exterior responde por 12% de nosso PIB.
Se queres saber onde apostar e ter ao mesmo tempo segurança e rentabilidade esse destino é o mercado interno.
Assistindo ao vivo a posse de Dom Orani no Rio de Janeiro, fica aquele sentimento que tudo de bom nos é levado. Agora foi Dom Orani.
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